quarta-feira, 30 de setembro de 2020

TOP 10 PEDRO ALMODÓVAR


Pedro Almodóvar começou a carreira como um dos principais representantes da chamada Movida Madrileña. Com sua produção underground, cujo hibridismo contemplava o uso da super-oito na direção de seus primeiros filmes, atuações em espetáculos de uma companhia de teatro independente, roteiros para histórias em quadrinhos e fotonovelas, entre outras atividades, o artista foi deixando sua marca. Após o seu primeiro longa Pepi, Lucy, Bom y otras chicas de montón passou a desenvolver um universo próprio, colorido e cheio de referências. Tornou-se ícone da cultura POP Espanhola. Almodóvar é sem dúvida meu diretor preferido, o que mais me faz identificar com sua rica cinematografia e me emociona através de seus dramas densos, complexos e seus diálogos absurdos. É um dos poucos que consegue me tocar no mais profundo da alma.



1 - Tudo sobre minha mãe(Todo sobre mi madre, 1999)


Ganhador do Oscar de filme estrangeiro essa é decididamente a obra prima de Almodóvar. Cecilia Roth é uma enfermeira que perde o filho e vai à Barcelona, em busca do verdadeiro pai, a travesti Lola. Com um caldeirão de referências cinematográficas como A Malvada, teatrais como Um Bonde chamado Desejo e literárias com García Lorca. Almodóvar fez um filme sensível e único sobre a alma feminina com a participação luxuosa de Marisa Paredes e ainda Penélope Cruz e Antonia San Juan como a impagável travesti Agrado.


2 - Mulheres a beira de um ataque de nervos(Mujeres al borde de un ataque de nervios, 1989)


Pepa, a ótima Carmen Maura, está desesperada por um telefonema de Iván que nunca chega. Esse filme é uma comédia típicamente Almodóvariana, com situações absurdas e resoluções ainda mais. A história é inspirada em La Voz Humana de Jean Cocteau porém adaptada aos elementos do universo do diretor, com muitas cenas icônicas, diálogos impagáveis, uma trilha sonora maravilhosa e gazpacho para todos! Com Rossy de Palma, Julieta Serrano, Kiti Manver e Antonio Banderas no elenco.


3 - Fale com Ela(Hable con Ella, 2002)


Javier Cámara e Dario Grandinetti estrelam essa obra prima que diferente do universo feminino de Almodóvar dá voz ao homem. Alicia está em coma e cabe a seu enfermeiro Benigno cuidar dela, enquanto Lydia é uma toureira que entra em estado vegetativo após um acidente na arena. O filme possui uma sequência de cenas belíssimas e impactantes, como o ballet de Pina Baush, quando Caetano canta Cucurucu Paloma, ou então o filme mudo O Amante Minguante, em mais um exemplo de metacinema. As resoluções da trama são mirabolantes e a estética belíssima.


4 -A Lei do Desejo(La Ley del Deseo, 1987)


Na sua primeira obra onde o protagonista é um cineasta interpretado por Euseubio Poncela, Almodóvar trata de temas como obsessão, troca de sexo e pedofilia. Esse foi o primeiro grande papel de Antonio Banderas ao lado de Almodóvar de muitos que viriam. A cena baseada em La Voz Humana, projeto que Almodóvar novamente voltou a trabalhar ao lado de Tilda Swinton, é uma das mais lindas do cinema, com Carmen Maura destruindo tudo no palco ao som de Ne Me quittes pas na voz de Maysa.


5 - A Má Educação(La Mala Educación, 2004)


Numa trama que em muito lembra A Lei do Desejo, Fele Martinez é um cineasta que pensa ter reencontrado Ignacio seu amor do passado em Gael García Bernal. A trama é recheada do chamado metacinema ao trazer um filme dentro do outro, conhecemos a travesti Zahara e os abusos que o jovem Ignacio sofria do Padre Manolo. Tudo isso retratado com uma sensibilidade ímpar em um filme que faz homenagem ao cinema noir e é cheio de paixão e intensidade.


6 - A Pele que Habito(La Piel que Habito, 2011)


Na obra mais obscura de Pedro Almodóvar, Antonio Banderas interpreta um cirurgião que mantém uma mulher como refém ao mesmo tempo que se apaixona por ela. Aos poucos passamos a entender a trama sombria que ronda o filme protagonizado por Elena Anaya e com Marisa Paredes, com quem o cineasta não trabalhava desde Tudo sobre minha mãe, no elenco. O plot é simplesmente perturbador e aproxima muito Almodóvar de um filme de terror. Genial!


7 - Dor e Glória(Dolor y Gloria, 2019)


A obra mais íntima e pessoal de Almodóvar é um relato de suas experiências, amores e referências. O diretor se entrega por completo nesse longa semi-biográfico protagonizado por Antonio Banderas, um diretor de cinema que se envolve com um ator do passado, com a heroína para aliviar as dores e o reencontro do amor no personagem de Leonardo Sbaraglia. Indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro e Melhor Ator e com Penélope Cruz mais uma vez brilhando no elenco.


8 - Volver(2006)

Essa obra marca o retorno triunfal de Carmen Maura a uma obra de Almodóvar, ela é Irene uma mãe que é dada como morta mas regressa para as duas filhas após a morte da personagem de Chus Lampreave. Lola Dueñas e uma Penélope Cruz triunfante homenageando as divas do cinema italiano como Ana Magnani são as filhas. Além da volta da mãe, ainda há uma trama obscura de morte, e um corpo numa geladeira, que Almodóvar já havia revelado como em um livro rejeitado da personagem Amanda Gris em seu distante A Flor do meu Segredo.


9 - De Salto Alto(Tacones Lejanos, 1991)


Fazendo uma própria versão de Sonata de Outono, de Ingmar Bergman Almodóvar conta o drama de mãe e filha, vividas por Marisa Paredes e Victoria Abril. Depois de uma temporada no México, a cantora Becky del Páramo(Marisa Paredes) está de volta a Madri, onde irá retomar a conturbada relação com o marido, a filha e conhecer a Drag Queen Letal, interpretada por Miguel Bosé, que montada faz uma performance inesquecível de Un Año de Amor.


10 - Áta-me!(Atame, 1990)

Victoria Abril interpreta Marina Osorio, uma atriz que roda um filme de terrror, a cena dela a propósito com o monstro é belíssima. Marina é sequestrada por Ricky, Antonio Banderas, que a mantém atada até que ela se apaixone por ele. É uma jornada almodovariana, romântica, violenta, surreal e poética. O final desse filme é meu preferido de todos os finais de Almodóvar.


Menções Honrosas: Kika(1994), A Flor do meu Segredo(1995), Carne Trêmula(1997), O que eu fiz para merecer isto?(1984) e Labirinto de Paixões(1982)



terça-feira, 29 de setembro de 2020

Os Amantes Passageiros(Los Amantes Pasajeros, Espanha, 2013)

 
Para aliviar a tensão deixada por A Pele que Habito, seu denso filme anterior, Pedro Almodóvar voltou ao gênero que o consagrou: a comédia. Os Amantes Passageiros é um filme, leve, colorido e muito gay, fazendo referência às primeiras obras do diretor, do começo dos anos 1980.

Logo na primeira cena vemos Antonio Banderas e Penélope Cruz, apenas em uma luxuosa participação especial, como uma dupla que trabalha no aeroporto, ela anuncia ao marido que está grávida e isso em nada se relacionará com a trama que será contada a seguir.


O avião da companhia Península, batizado de ‘Chavela Blanca’, está prestes a partir para a Cidade do México, conhecemos então os três comissários gays, Joserra vivido por Javier Cámara de A Má Educação e Fale com Ela, Ulloa personagem de Rauel Arévalo e Fajas, interpretado por Carlos Aceres.


Enquanto todos os passageiros da classe econômica dormem, pois foram dopados, conhecemos os integrantes da classe executiva: Norma vivida por Cecilia Roth de Tudo sobre minha mãe e Labirinto de Paixões, Bruna vivida por Lola Dueñas de Volver e Os Abraços Partidos, Ricardo Galán(Guillermo Toledo) e Infante, José Maria YasPick de Narcos.



Depois de 1h30 de voo os comissários estão bebendo tequila, fumando maconha, enquanto Fajas abre um altar e pede para que seus amigos sejam protegidos das drogas, da bebida e dos dark rooms.


Na cabine estão os dois pilotos, Benito, Hugo Silv,a de Ninho de Mussaranho, e Alex Acero, de Volver e Entre as pernas, até que Bruna invade o espaço se dizendo vidente e prevendo que algo estranho acontecerá. “Soy Maricón!” Joserra revela que têm um caso com o piloto Acero.


O voo está sem destino e sem pista de pouso. No avião os passageiros acordados começam a entrar em pânico. Norma entra em colapso mas os comissários prometem fazer o voo mais agradável a todos com drinks e performances


Em Madri, Alba uma mulher desnorteada em participação especial de Paz Vega, de Fale com Ela e Lucía e o Sexo, tenta o suicídio se jogando de uma ponte até que recebe a ligação de Ricardo de dentro do avião, o telefone porém cai no cesto da bicicleta de Ruth, Blanca Suarez de A Pele que Habito e Julieta, que também teve um caso com ele. Todos no avião ouvem a conversa enquanto Alba vai sendo levada para uma clínica psiquiátrica. A cena da portaria faz referência a outras como de Mulheres a beira de um ataque de nervos e Fale com Ela.


Um noivo saindo de Lua de Mel, interpretado por Miguel Angel Silvestre de Sense 8, tira mescalina do ânus e entrega para os comissários que prepararam uma deliciosa Água de Valencia para os passageiros. Em um momento muito autêntico, Fajas diz que também acredita muito no ânus.


Enquanto bebem na cabine com os pilotos os comissários se preparam para encarnar a performance de I’m so Excited, das Pointer Sisters. Esse momento lipsync do filme é épico, com enquadramentos muito elaborados e o desempenho dos atores incrível. Com certeza o ponto alto do longa!


Relaxados os passageiros começam a se abrir entre si, Norma revela que após sua carreira de cantora e atriz não dar certo virou dominatrix e que possui fotos dos 600 homens mais importantes da Espanha em seu poder. Apesar de cômico, senti nesse momento uma crítica social ao governo envolvendo prostituição.


A mescalina deixa todos com tesão. Alex chama Joserra com o olhar enquanto Benito recebe sexo oral de Ulloa. Norma transa com Infante. O noivo penetra a noiva. Bruna observa todos com fogo nas entranhas. Virgem ela vai até a ala dos passageiros dormindo e transa com um desconhecido que estava de pau duro.


A pista finalmente é liberada no Aeroporto de La Mancha. Bruna sente cheiro de morte, era Infante um matador de aluguel contratado para acabar com Norma mas mudou de ideia. Augustín Almodóvar, irmão e produtor de Pedro, faz uma aparição como sempre, desta vez como um operador de bordo.


O avião finalmente pousa e o destino dos personagens vai sendo revelado. Joserra e Alex assumem sua relação, Norma está encantada por Infante e Benito finalmente se revelou homossexual. Ruth encontra Ricardo que termina sua relação. Toca The Look, do The Metronomy, uma música muito inusitada para um filme do Almodóvar e acaba.


Acho Os Amantes Passageiros uma obra despretensiosa, divertida e que traz um Almodóvar alegre e bem resolvido. O filme é leve, tem uma atmosfera que exalta muito a cultura LGBTQIA+, além de ser um respiro em meio a tantas obras cheias de complexidade e tramas mirabolantes.




segunda-feira, 28 de setembro de 2020

A Pele que Habito(La Piel que Habito, Espanha, 2011)


Alerta de Spoiler: Neste texto revelarei o plost do filme. Por isso se não quiser saber o que o torna tão maravilhoso, precisa vê-lo urgente para descobrir.


A Pele que Habito é diferente de tudo o que o cineasta espanhol Pedro Almodóvar já havia realizado antes, assim como Carne Trêmula de 1997 não é um roteiro original, é inspirado no livro Tarântula de Thierry Janquet. O filme é obscuro, tem pouco vermelho, apenas no sangue e tons azulados e acinzentados, além de um atmosfera expressionista de O Médico e o Monstro.


O filme começa na cidade medieval de Toledo. Em seguida vemos uma uma mulher, a atriz Elena Anaya que já havia feito uma pequena participação em Fale com Ela, vestindo uma malha muito apertada e fazendo exercícios de Yoga. Ela é atendida por um elevador de comida por Marília, personagem da ótima Marisa Paredes, com quem Almodóvar não trabalhava desde Tudo sobre minha mãe, e que já fez excelentes papéis em A Flor do meu Segredo e De Salto Alto.


Na cena seguinte, Antonio Banderas o preferido de Almodóvar surge como um famoso cirurgião, Robert Lestler palestrando sobre transplante de rosto. A câmera corta para sangue no microscópio e o médico analisando a personagem de Elena Anaya nua em uma grande tela, como se fosse uma obra de arte.


O médico está tentando criar a pele perfeita e usa a mulher como cobaia para seu experimento, batiza a pele de Gal, numa de tantas homenagens que o filme faz ao Brasil, como quando fala da Bahia, através do personagem Zeca e quando a pequena Norma, filha do médico, canta uma canção em português.


O personagem Zeca, interpretado pelo ator Roberto Álamo, entra em cena vestido de tigre, ele é o filho brasileiro de Marília, que fantasiado invade a casa e descobre a mulher da malha justa nos monitores de TV. Assim como a cena de estupro de Kika, ela amordaça a criada na cadeira e parte para como uma tigre atacar a sua vitima. A mulher é estuprada brutalmente. O tigre observa nela uma semelhança com Gal, a mulher morta de Roberto e também sua amante. O médico adentra o quarto e mata o violador com dois tiros.

Assim como na última cena de Tudo sobre minha mãe, onde citando um texto de Garcia Lorca sobre se empapar com o sangue do filho, Marisa Paredes limpa o sangue do tigre enquanto Roberto se livra de corpo.


Em uma cena cheia de diálogos Almodóvarianos, Marília e Vera conversam e a veterana conta sobre a morte da mulher de Roberto, de como ela sofreu um acidente de carro quando estava junto de Zeca, ficou toda desfigurada e se suicidou jogando-se da janela. O médico volta a cena e afeiçoada por ele, Vera finalmente vai para a cama com o homem, mas sem condições de transar apenas dormem.


A narrativa não linear nos leva há seis anos antes. Roberto está numa festa de casamento junto com a filha Norma, mais velha interpretada por Blanca Suárez de Os Amantes Passageiros, Julieta e da série As Telefonistas. No jardim vários casais fazem sexo, num verdadeiro bacanal. Ledgard encontra a filha numa árvore desmaiada, e logo deduz que ela foi estuprada.


Vicente trabalha no brechó da mãe em Toledo, antes de ir à festa ele toma ecstasy e no evento flerta com Norma, a quem leva para o jardim, mas a jovem que é atormentada após a morte da mãe parece não entender bem o que está acontecendo, mesmo assim é beijada e consequentemente estuprada.


Na festa uma cantora negra interpreta lindamente num vestido vermelho Necesito Amor, enquanto não entendemos ao certo se o ato foi ou não consumado. Resgatada pelo pai, Norma acaba indo parar numa clínica, criando aversão aos homens e posteriormente se suicidando. 


Semanas depois, Vicente se despede da mãe e da irmã e parte de moto. É perseguido, raptado e acorrentado num porão onde só bebe água de uma bacia. Até que surge Roberto e lhe dá um banho de mangueira e o alimenta.


Roberto barbeia Vicente que está atordoado, logo o leva para uma sala de cirurgia onde lhe faz uma vaginoplastia, o plot do filme é literalmente o maior pesadelo de um homem cis. A cena em que o médico lhe dá dildos para manter o orifício aberto é extremamente violenta ao mesmo tempo, que sutil.

Aos poucos Vicente se torna Vera, nome que Roberto lhe dá, com seios, vagina, um novo rosto e a pele perfeita. Usando uma segunda pele ele se adapta ao novo corpo, porém tenta escapar e corta a própria garganta. Vemos Antonio Banderas sublime, talvez na melhor atuação de sua carreira ao lado de Dor e Glória.


Usando uma máscara para ficar com o rosto de Gal, Vera precisa conviver com a nova realidade enquanto escreve nas paredes com a maquiagem que lhe é mandada frases como “sei que respiro” e “o ópio me ajuda”.

De volta ao presente, Vera já numa relação com Roberto corta um abacaxi, nos filmes de Almodóvar geralmente são tomates, enquanto conversa com Marília, que de fato não confia nela mas a leva para passear. A personagem também esconde o fato de ser a verdadeira mãe de Roberto e por isso tratá-lo com tanto zelo.

Quando um outro médico que participou da cirurgia questiona sobre o jovem desaparecido e a misteriosa vaginoplastia que fizeram, Vicente estampa os jornais entre os desaparecidos , Vera entra em cena e defende Roberto, assumindo assim uma relação.


Mas é na noite, quando vão transar e Vera interrompe o sexo para pegar um gel na bolsa que ela volta armada e mata o amante e também Marília. Ela regressa ao seu pueblo onde pode finalmente reencontrar sua mãe.


A Pele que Habito é mais uma obra prima de Almodóvar, é uma reinvenção de seu estilo e linguagem onde ele volta a flertar com o gênero de terror, depois de sutis experiências em Áta-me! E Kika.  Tão surpreendente quanto magnífico o filme entra para a galeria dos melhores do diretor, como um longa muito inventivo e com roteiro muito bem adaptado pelo próprio cineasta.





domingo, 27 de setembro de 2020

Mariposas Verdes (Colômbia, 2018)



Mariposas Verdes, filme do colombiano Gustavo Neto Roa, é um retrato sobre a homossexualidade na adolescência. Ambientado em uma escola, o longa trata de vários temas polêmicos como a própria sexualidade, bullying, estupro e suicídio.


Cecília Suarez, de La Casa de las Flores e Elvira é Bárbara, a diretora da escola, uma imagem da sociedade colombiana, castradora e conservadora. É pelas mãos dela que o jovem Mateo, que luta por direitos humanos e é um jovem acima de tudo questionador, irá sofrer.


A descoberta da sexualidade se dá com Daniel, é quando Mateo assume para sua família que quer desenvolver sua personalidade livre dos parâmetros. Outros personagens como o efeminado Gabriel e a gordinha Angela, que sofre assédio, também abrem questões importantes para ser debatidas.


Apesar de tratar de tantos temas profundos e complexos, o filme parece não se aprofundar muito no mais importante das questões e se torna uma obra um tanto pretensiosa e amadora sobre a vida escolar.


A escola é um microuniverso do que acontece na Terra, e por isso um território tão rico a ser explorado. Somente em 2015, a Colômbia mudou o seu conservador Manual de Convivência nas escolas para tratar naturalmente a homossexualidade e identidade de gênero.