segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Tio Frank(Uncle Frank, EUA, 2020)


O diretor Alan Ball, que trabalhou mais em séries como True Blood e A Sete Palmos, foi chamado pela Amazon Prime Video para dirigir essa sua obra original de temática LGBTQIA+, cada vez mais crescente nos streammings: Tio Frank.

O filme começa com Beth, interpretada por Sophia Lilis, da ótima série I’m not okay with this, demonstrando toda sua admiração pelo Tio Frank, Paul Bettany, em um evento de família. Ela é seu confidente, lhe dá conselhos e é a figura oposta a seu pai. É aquele tiozão do peito, mesmo.

Logo de começo percebemos uma relação de exclusão de Frank na família. Mas os anos passam, em 1973 ele está morando em Nova York para onde Beth se muda para estudar e passa a conhecer melhor o estilo de vida do tio.

Quando vai à uma festa na casa de Frank, acaba conhecendo um novo universo. Ela tem 18 anos e está completamente apta a entender a homossexualidade do tio, seu casamento com Wally, mas ainda não está pronta para certos segredos de família. A cena da revelação é digna de filmes dos anos 1970, com uma vitrola tocando e bacon no breakfast.

Quando recebem a notícia da morte do pai de Frank, começa então um road movie onde como de costume nesse gênero, todos os personagens se conhecem e se expõe mais. Wally acaba indo junto, e os três acabam se metendo em diversas situações, mas o mais importante é a naturalidade que a sobrinha recebe a orientação do tio. Muitas memórias e mágoas vêm à tona na memória de Frank, o reencontro com a família é dolorido e ele recorre ao alcoolismo para se aliviar. Numa leitura de testamento tenebrosa, Frank acaba tendo seu desfecho, que no final é bonito, emocionante e cheio de esperança.

Tio Frank é um filme sobre se assumir, tanto nos anos 1970 quanto nos dias de hoje, já que o armário ainda é a realidade de muitos. É uma história sobre relações familiares e o quanto elas podem ser um alicerce em situações difíceis e delicadas, quando já foram danosas.



domingo, 29 de novembro de 2020

As mil e uma(Las mil y una, Argentina, 2020)

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Escolhido para abrir o festival Mix Brasil 2020, As mil e uma, filme escrito e dirigido pela argentina Clarissa Navas trata de primeiro amor, família e marginalidade

A adolescente Iris, Sofia Cabrera, vive com a família no subúrbio de Corrientes, o filme acompanha sua rotina com um tom realista e documental. Ela frequenta festas à noite onde homens transam e transita por um ambiente queer, do qual os irmãos também fazem parte.

Quando Iris se interessa por Renata, todos dizem que ela tem HIV por ser uma jovem promíscua. A diretora então aborda os estigmas da doença, em uma discussão que termina em sobre chupar com camisinha.

Iris acaba se aproximando de Renata, com quem desenvolve uma relação delicada porém cheia de receios. Tudo mantém um ritmo muito lento e arrastado, até que as duas se beijam pela primeira vez.

Quando Iris vê Renata dançando numa boate de strip-tease e simulando sexo com outras mulheres e homens, fica em dúvida sobre seus reais sentimentos. Ela encontra, no entanto na família, o apoio necessário.


As mil e uma é, apesar de um filme longo, um belo retrato sobre primeiro amor e marginalidade. Numa relação fadada ao fracasso, mas cheia de belos momentos, é no colo dos irmãos e da mãe que Iris irá encontrar consolo.

sábado, 28 de novembro de 2020

Alucarda(Alucarda - Hija de las Tinieblas, México, 1977)



Juan Lopez Moctezuma, é um diretor mexicano que realizou poucos longas, mas foi criador do icônico filme de horror,  Alucarda. Moctezuma era amigo e colaborador de nomes como Alejandro Jodorowsky, com quem trabalhou no clássico El Topo.

Baseado na lendária vampira lésbica Carmilla, muito retratada nos filmes de horror clássicos da Hammer, o filme começa quando Justine, Susana Kamini, chega ao convento onde estuda Alucarda, Tina Romero, as duas ficam amigas na hora.

Passeando pela floresta elas encontram um cigano corcunda que dará início a uma série sobrenatural, de vampirismo, erotismo e violência.  Em meio a possessões, ela faz uma ode a Satã, invoca o Diabo, beija apaixonadamente Justine com sangue nos lábios e inicia um romance paranormal.

Delírio, fogo, luxúria. Temos uma sequência frenética de acontecimentos que levam a uma orgia com freiras sangrando e a presença de Belzebuth. Mas é a confissão de Alucarda ao Padre Lázaro, que está apaixonada por Justine, que realmente o choca.

Justine adoece, acaba morta em um cripta, onde toda ação ao estilo Carrie a Estranha vai acontecer. Alucarda nos propõe um banho com litros e mais litros de sangue, satanismo, vampirismo, homossexualidade e imagens perturbadoras.

Apesar de ainda tratar o homossexual como o doente o filme já o traz para o contexto do gênero Terror, ainda que a figura de Carmilla seja um tanto fetichista. A mistura de subgêneros e a grandiosidade de suas cenas, apesar do baixo orçamento, fazem com que Alucarda seja um grande filme de terror, com um toque surrealista certamente herdado do mestre Jodorowsky.


sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Orlando: A Mulher Imortal(Orlando, Reino Unido, 1992)


A diretora Sally Potter se baseou no romance da autora Virginia Woolf,  escritora, que  abordava temas como empoderamento feminino e homossexualidade em uma época extremamente conservadora. Sua obra Orlando, de 1928, transgredia tempo e gênero e foi lindamente levada para o cinema pelas mãos, é claro, de uma mulher.

Andrógina como sempre, Tilda Swinton surge emulando David Bowie, em um figurino vitoriano. A atriz é Orlando, um nobre inglês, que logo na primeira cena já quebra de maneira criativa a quarta parede, recurso que a diretora usa em momentos chaves do filme. Em uma visita da rainha Elizabeth I ela condena o rapaz a ser jovem para sempre, e assim ele atravessará séculos de parceiros, sentimentos e gênero.

Dividido em capítulos que contemplam diferentes momentos da vida de Orlando, existe o Amor quando beija apaixonadamente uma jovem russa. E o Poesia, onde mantém conversas sobre o tema sagrado e se atreve a escrever.

Com uma ambientação impecável que ilustra com opulência cada época e uma direção de arte e figurinos sublimes, o filme é um dos poucos a abordar com tanta sensibilidade temas como androginia, homossexualidade, bissexualidade e fluidez de gênero. É claro, que a atuação impecável de Tilda Swinton faz toda diferença. Quando se vê pela primeira vez nua num corpo feminino afirma ser a mesma pessoa mas em um sexo diferente.

Em 1850, quando conhece Shelmerdine, personagem de Billy Zane, Orlando se entrega ao sexo com paixão. Com um visual feminino sublime, Lady Orlando agora explora aspectos de sua feminilidade enquanto também precisa enfrentar o peso de uma sociedade machista.

Orlando é uma belíssima obra para quem quer acompanhar o trabalho de diretoras mulheres. É uma ode à Virginia Wolf que entrega na imortalidade da personagem conceitos de masculino e feminino, ainda muito relevantes em nossa sociedade atual.

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Elisa y Marcela(Espanha, 2019)


A diretora espanhola Isabel Coixet, de Minha Vida sem Mim e A Vida Secreta das Palavras, se baseou na história real do livro Elisa e Marcela – além dos homens, do autor Narciso de Gabriel, que conta sobre o primeiro casal homossexual a se casar na Espanha, para realizar seu primeiro filme para a Netflix.

Para contar essa história, a diretora optou por usar uma linda fotografia em preto e branco, que realça enquadramentos e também a sensualidade das protagonistas. Em 1898, em La Corunha, Elisa e Marcela se conhecem na escola e logo se tornam inseparáveis. Enquanto Elisa, Natalia de Molina, vive no convento, Marcela, Greta de Fernandez, mora com o pai extremamente machista que afirma que mulheres não devem ler para não saber demais.

Evidenciando os valores religiosos e sociais da época, as duas são separadas com Marcela sendo enviada para um colégio interno. Elas se comunicam apenas trocando cartas. Aliás a transição de cenas é belíssima, também homenageando um recurso dos anos 1920, e do cinema mudo.

Quando se encontram finalmente podem se beijar, se amar, ficar juntas em cenas de sexo que são extremamente sutis e ainda mais delicadas graças ao P&B. Enfim estão vivendo o momento mais felizes de suas vidas.

Em 1901, Marcela é professora e elas vivem juntas em um vilarejo onde geram comentários maldosos de toda a vizinhança, que reage com violência apedrejando Elisa que vai embora para voltar como Mario.

Elas casam na igreja e agora são como marido e mulher, mas a farsa não dá certo e a história logo ganha as manchetes dos jornais, as duas fogem para Portugal, onde também são procuradas pela polícia.

O que é um romance extremamente belo é também um triste retrato de quando a homossexualidade, não era de jeito nenhum aceita. Isabel Coixet usou de toda sua sensibilidade para contar essa história sobre o primeiro casamento gay da Espanha, país onde só viria a ser legalizado, em 2005


quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Christabel(Brasil, 2018)



Adaptação de um poema do britânico Samuel Taylor Coleridge, do século XVII, que nunca foi concluído, Christabel é o longa de estreia do carioca Alex Levy-Heller, que ficou responsável para achar um fim para essa história.

A inocente e bela Christabel, Milla Fernandez, mora com o pai, Júlio Adrião, na zona rural. Numa noite, escuta o choro de uma mulher, a quem vai ajudar. Encontra então, Geraldine, Lorena Castanheira, que jogada num canto diz ter sido violentada por vários homens, assim então é acolhida pela jovem que a leva para casa.


Geraldine, passa a desencadear várias mudanças no cenário familiar de Christabel e traz um clima de mistério e luxúria ao lugar, com morcegos aparecendo nas paredes e a nudez das protagonistas sendo reveladas.

Ainda que o ritmo do filme seja lento, vale a pena ver o quão Christabel se torna sexual na presença de Geraldine, e sonha com ela em seus desejos secretos. A cena dela chupando uma manga, enquanto se masturba é de uma poesia visual absurda.

A fotografia de Vinícius Berger, de Meu Corpo é Político, é belíssima, com planos e enquadramentos que valorizam as paisagens bucólicas, além de dar o clima de poesia, mistério e sensualidade. 

“Sonhos só servem para te manter dormindo” diz Geraldine à Christabel em um de seus inúmeros diálogos, e é aí que elas consumem o sexo em uma cena forte porém de grande sutileza que dará o tom ao desfecho fantástico do filme.


terça-feira, 24 de novembro de 2020

Corações Desertos(Desert Hearts, EUA, 1985)

Realizado em 1985, Corações Desertos é um filme que exalta a feminilidade. Feito, escrito e dirigido por mulheres, o longa é um marco, por uma das primeiras vezes estar mostrando a relação entre duas homossexuais de uma forma positiva, na Nevada, de 1959.

O filme, dirigido por Donna Deitch, começa quando Vivian Bell, personagem de Helen Shaver, chega à estação de trem após ter pedido o divórcio. A professora se hospeda no rancho de uma família, onde conhece personagens bem peculiares como Frances, papel de Audra Lindley, e a jovem Cay, Paricia Charbonneau.

A sequência do carro a caminho da casa, com o deserto ao fundo é linda lembrando um road movie de anos mais tarde, Thelma & Louise. Com a presença de Vivian na casa, Cay acha que finalmente encontrou alguém, que não o seu suposto namorado, para amar.

Durante a primeira meia hora, o filme com um clima absolutamente sensível apresenta as personagens, Frances, Vivian, Cay e Silver, as duas últimas trabalham num cassino. Até que percebemos que Cay é completamente lésbica e está envolvendo Vivian num jogo de sedução.



Conservadores, os anos 1950, que já renderam outras obras lésbicas como Almas Gêmeas e Carol, não permitiam que Vivian aceitasse sua natureza e sua nova condição. O processo do romance será então complicado, mas doce e delicado, e as duas protagonistas dão um show em todas as cenas.

Corações Desertos é um filme simplesmente belíssimo estrelado por duas grandes atrizes que são subitamente consumidas pela paixão. O que o torna incomum é a época em que se passava, no final dos anos 1950, quando em 1985 aquele assunto ainda gerasse burburinho. 

Quando Silver, uma cantora, faz seu número de I’m look someone to love a cena é poética. Mas é quando Vivian e Cay se beijam pela primeira vez num carro, na chuva, que o momento mais icônico do filme acontece.

Com o tempo parece que o filme foi ganhando o seu merecido valor. Uma obra prima sobre homossexuais, baseada na obra literária da autora Jane Rubin, tão sensível e sutil quanto um sentimento puro e verdadeiro.


segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Maus Hábitos(Entre Tinieblas, Espanha, 1983)

Após seus dois primeiros filmes, Pepi, Lucy, Bom y otras chicas de montón e Labirinto de Paixões, Pedro Almodóvar comprovaria em seu terceiro longa, Maus Hábitos, de 1983 que era realmente um diretor controverso e subversivo. O filme fazia uma provocação direta à Igreja Católica, colocando freiras em situações inusitadas e transgressoras. A crítica ou referência à religião sempre esteve presente na obra do diretor principalmente em A Má Educação, onde tratava de experiências pessoais.

Entardecer em Madri, enquanto passam os créditos iniciais. Observamos em planos mais bem elaborados, janelas, um fetiche do diretor, e conhecemos Yolanda, Cristina Pascual, que leva heroína para um cliente. Ao voltar do banheiro o encontra morto de overdose.


Na cena seguinte ela usa um reluzente vestido de paetês vermelhos e está pronta para entrar no palco, até que é abordada por dois homens, começa então uma fuga. Sai correndo do Rojo Molino, referência à Moulin Rouge e acaba encontrando um cartão das Redentoras Humilhadas, que lembra de terem ido assisti-la em um show.

O convento entra em cena. Aos poucos conhecemos as humihadas Irmã Perdida(Carmen Maura), Irmã Esterco(Marisa Paredes), Irmã Rata de Esgoto(Chus Lampreave) e  Irmã Víbora, Lina Canalejas, a única que não continuou a trabalhar com Almodóvar, além da Madre Superiora interpretada pela brilhante Julieta Serrano.


A Senhora Marquesa conversa com Irmã Perdida, as freiras oram e cantam, até que Yolanda adentra a capela envolta por uma luz. Os olhos da Madre, na hora, olham apaixonados para ela.


Como o convento é um refúgio para os necessitados, Yolanda fica. A madre lhe dá o quarto de Virgínia, filha da Marquesa e logo lhe oferece heroína para relaxar, com quem também se injeta numa cena visualmente chocante. Pela janela, Yolanda vê o Niño, que é na verdade um tigre criado pela personagem de Carmen Maura.


Irmã Rata de Esgoto, fala sobre sua autora preferida Concha Torres, de literatura sensacionalista. A autora é na verdade um alter ego de Chus, e essa ideia seria melhor abordada por Almodóvar em 1995, com Amanda Gris de A Flor do meu Segredo.


Irmã Esterco, a sempre ótima Marisa Paredes, conta que matou um homem a facadas e por isso se humilha e se flagela para viver um eterno castigo, além disso ela também toma algumas doses de ácido, que a fazem enxergar um mundo psicodélico.


A Madre Superiora mima Yolanda, a traz drogas, faz companhia e ao som de Encadenados de Lucho Gatica, elas têm o momento mais romântico do filme. Ao fundo, o altar da Madre, com divas como Marilyn Monroe e Brigitte Bardot.

O universo do convento é riquíssimo, sempre com muita coisa acontecendo. Meche, personagem de Cecilia Roth aparece em apuros numa noite. Irmã Víbora têm um ateliê e comparte muito tempo com o padre, por quem é apaixonada, Irmã Rata faz uma bela oração. Irmã Esterco se ajoelha em vidros.


Yolanda, farta do amor da Madre, e cansada por sua insistência, decide deixar a droga e têm uma violenta crise de abstinência, onde vê todo o tipo de símbolos religiosos. Mesmo assim, ela volta a cheirar cocaína com a Superiora para disfarçar enquanto procura uma carta para a marquesa.

Numa festa promovida pelas freiras, talvez tenhamos a cena mais emblemática do filme, quando Yolanda canta Sali porque Sali de Cheo Feliciano, no talvez primeiro número burlesco dos muitos que viriam na obra do diretor. Apaixonada, a madre acompanha tudo sem tirar os olhos da cantora.

Mas ao fim do número, a Madre Geral avisa que o convento irá acabar, que não existirá mais isso de ordem da humilhação e que elas serão reintegradas. Yolanda vai embora com a marquesa. Irmã Víbora declara seu amor pelo padre e adotam o Tigre, já que Irmã Perdida também vai embora. A Madre dá um grito desesperado e ensurdecedor ao descobrir que perdeu Yolanda.

Apesar de Maus Hábitos ainda ser um filme muito do começo da carreira de Almodóvar, já mostrava a que ele vinha, fazendo uma crítica social voraz e trabalhando com aquelas que seriam atrizes chave em boa parte de seus filmes. Não é o meu preferido, mas já mostra um grande amadurecimento como cineasta e crítico social depois dos dois primeiros longas.

domingo, 22 de novembro de 2020

Valentina(Brasil, 2020)



Valentina é uma adolescente transgênero, interpretada pela atriz trans Thiessa Woinbackk, que vive com a mãe, vivida pela sempre ótima Guta Stresser, de Nina. As duas tem uma relação muito bem esclarecida sobre a transexualidade da filha, que tem um bom convívio social e nas redes. Elas, porém, precisam abandonar a vida que já seguiam, devido ao trabalho da mãe, ir embora da cidade para Estrela do Sul, em Minas Gerais, onde acontecerá todo o conflito do filme. 

Logo na chegada na cidade as duas vão à escola, onde querem e têm o direito de matricular Valentina, com o nome social, porém precisam da assinatura do pai que está desaparecido e precisa ser encontrado. 

Muito bem resolvida consigo mesma, mas sentindo a falta do pai, Valentina não conta aos colegas e novos amigos, um gay e uma grávida, ambos fora dos 'padrões', sobre sua condição. Porém numa festa, quando adormece bêbada, seu segredo é descoberto e exposto. 

Tratando o tema com leveza, mas sem deixar de se aprofundar, o longa mostra todo o preconceito enfrentado por pessoas LGBTQIA+ , ainda mais transgênero, em um ambiente escolar. O filme é mais realista e violento que o recente e lúdico, Alice Junior, da Netflix. 

Premiado como Melhor Filme no Festival Mix Brasil 2020, Valentina, de Cássio Pereira dos Santos, fala de temas necessários com um belo visual e simbolismos, discutindo bullying e o desenvolvimento de adolescentes trans dentro de instituições escolares. Destaque para a grande atuação da jovem Thiessa!



sábado, 21 de novembro de 2020

Os Fortes(Los Fuertes, Chile, 2019)


Um novo caminho se abriu para o cinema LGBTQIA+ no Chile, desde que Uma Mulher Fantástica ganhou o Oscar de Filme Estrangeiro, em 2018. De lá pra cá, em um país totalmente machista, foram realizadas obras queer de bastante impacto como O Príncipe e Caminhos Esquecidos.

O filme é a versão estendida do premiado curta San Cristóbal, de 2015 e conta com os mesmos protagonistas. Na história Lucas, Samuel González, que ao viajar para a casa da irmã em Valdívia, acaba conhecendo Antonio, Antonio Altamirano, um cara que realmente abala suas estruturas. Ambos atores são bastante conhecidos da televisão local. 


Antonio trabalha num pesqueiro, o que coloca os dois protagonistas em uma situação social completamente diferente. O diretor chileno Omar Zuñiga, entrega ao filme um clima de latinidade, como em uma cena que Antonio, devastado por uma briga, escuta uma versão de Voyage Voyage, em espanhol, no carro. Memorável!

Triste e sutil em suas tomadas de decisão de roteiro com a natureza sendo parte fundamental do que liga e afasta o casal de amantes protagonistas tão diferentes, Os Fortes é um filme a não ser esquecido pelos caminhos seguidos por sua direção, atuações e fotografia.

Num cenário portuário, com vento, mar e névoa o longa é uma história íntima e muito romântica. Lucas e Antonio são dois personagens que crescem juntos e encontram uma conexão quando menos esperavam.

O longa é uma linda e triste história de amor, com altos e baixos, pontuada por hits chilenos dos anos 1990. É um filme sobre amadurecimento e encontrar o próprio lugar no mundo. A película, celebra a força que pessoas LGBTQIA+ têm para lutar e definir seu próprio lugar no mundo