A relação entre Simón ( Lorenzo Ferro ) e sua mãe ( Laura Nevole ) não é das melhores. E seu amigo Agustín ( Agustín Toscano ) também não consegue se aproximar dele, embora tente conseguir um lugar em sua empresa de mudanças. Simón se sente muito mais confortável com Pehuén ( Pehuén Pedre ) e com os demais da escola, que foi criada para pessoas com neurodivergência. Além da tensão sexual com o melhor amigo, ele se sente especialmente atraído por Colo ( Kiara Supini ). Só há um problema: Simón não tem nenhuma deficiência, apenas finge poder ficar com as pessoas que considera como família.
O filme, de Federico Luís, levanta questões sobre quais são os limites entre a “normalidade” e a deficiência de Simón. Aos vinte e um anos, o protagonista parece sentir-se mais confortável entre pessoas com deficiência, apresentando-se como um jovem solitário que assume cada vez mais a sua simulação, o que parece representar algum tipo de transtorno psicológico.
A narrativa subverte a ideia de normalidade, mostrando como Simón, que inicialmente poderia ser percebido como "normal", encontra na neurodiversidade um novo entendimento de si mesmo e do mundo ao seu redor. A montanha, como personagem metafórica, representa um espaço de reflexão e encontro com o outro, longe das convenções sociais urbanas, desafiando as noções de "normalidade".
Embora o filme pudesse ter focado apenas no engano e no dilema moral de Simon, o diretor habilmente tece temas mais profundos de identidade, comunicação e pertencimento. Ele trata o elenco, muitos dos quais vivem com deficiências, com grande respeito, permitindo que suas performances comoventemente naturais conduzam a narrativa.
Lorenzo Ferro, de O Anjo (2018), demonstra uma potência transformadora e emocional ao interpretar Simón. Sua performance é destacada pela capacidade de transmitir tanto a complexidade física quanto a mental do personagem, especialmente em suas interações com Pehuén Pedre e Kiara Supini. Ferro consegue equilibrar de forma convincente a ambiguidade, que oscila entre a normalidade e a farsa.
De volta a casa, Simon entra em choque com sua mãe autoritária, que luta para entender as mudanças em seu filho. Ela descarta sua nova identidade, vendo apenas os problemas que ele causa. Mas para Simon, o tempo gasto com sua comunidade nas montanhas foi transformador. Ele agora sabe quem quer ser.
A aceitação prova ser o tema mais relevante. Recompensado pela amizade na montanha, Simon encontra julgamento em casa, mascarando feridas mais profundas. Federico Luis sugere como abraçar nossas verdades, não papeis predeterminados, pode curar feridas.
"Simón da Montanha" oferece um terreno fértil para uma análise queer ao desafiar normas, celebrar a diversidade e incentivar uma reavaliação do que significa ser "normal" ou "diferente" na sociedade contemporânea. Através de sua narrativa, o filme convida o espectador a reconsiderar suas próprias percepções de identidade, relações e inclusão.
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