domingo, 20 de julho de 2025

Some Nights I Feel Like Walking (Filipinas/Itália/Singapura, 2024)

"Some Nights I Feel Like Walking", de Petersen Vargas, combina elementos de road movie, drama juvenil e crítica social. Ambientado na agitada e, ao mesmo tempo, sombria vida noturna de Manila, o filme utiliza um estilo de câmera de mão para criar uma sensação de imediatismo e intimidade, imergindo o espectador no universo de seus personagens. A trama segue Uno (Jomari Angeles), um profissional do sexo, e Zion (Argel Saycon), um jovem fugitivo ingênuo, enquanto eles exploram sua relação complexa em meio aos desafios de seu ambiente. A vida noturna da cidade não é apenas um cenário, mas um reflexo das lutas internas e dos desejos dos protagonistas, introduzindo temas como marginalização, sexualidade e a experiência da comunidade queer.

O cenário de "Some Nights I Feel Like Walking" desempenha um papel essencial na narrativa. Locais como cinemas de sexo decadentes, banheiros públicos, mercados de rua e estações de ônibus são mais do que meros fundos visuais; eles simbolizam a marginalização dos personagens e sua busca por pertencimento.

Uno e Zion conduzem a trama de "Some Nights I Feel Like Walking". Uno é um sobrevivente endurecido pelas circunstâncias, com uma inteligência prática que esconde uma solidão profunda. Zion, por outro lado, traz uma inocência que o torna frágil, mas também capaz de estabelecer laços genuínos. A relação entre eles começa de forma casual, mas evolui para algo mais significativo, marcada pela tensão de suas realidades e pela morte de Miguelito (Gold Aceron), um amigo do grupo. Essa tragédia expõe as dinâmicas entre os personagens, incluindo os amigos Bay (Argel Saycon) e Rush (Tommy Alejandrino), e destaca a fragilidade de suas vidas em um contexto de exclusão social.

A narrativa dá uma guinada dramática quando Miguelito morre de overdose, levando o grupo a embarcar em uma jornada para devolver seu corpo à aldeia natal. Esse road trip é tanto um ato de lealdade quanto uma busca por sentido em meio ao caos. A viagem está repleta de momentos de tensão e autodescoberta, mas a execução do enredo nem sempre é fluida. Apesar disso, a determinação do grupo em honrar seu amigo sublinha a força da comunidade que eles construíram, mesmo enfrentando adversidades.

"Some Nights I Feel Like Walking" aborda temas profundos, como a estigmatização do trabalho sexual, as dificuldades da comunidade queer e os efeitos do preconceito social. O filme expõe a violência e a discriminação sofridas por esses grupos, ao mesmo tempo em que celebra sua força e solidariedade.

O filme oferece um olhar sobre um mundo marginalizado. O uso habilidoso da câmera e a ambientação atmosférica, fazem dele uma experiência imersiva. Contudo, as inconsistências narrativas e a dependência de estereótipos impedem que o filme alcance todo o seu potencial. Ainda assim, ele se destaca como uma exploração ousada de temas sociais.


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