"Baby", de Marcelo Caetano, ambientado no centro de São Paulo, narra a história de Wellington, (João Pedro Mariano), um jovem recém-libertado de um centro de detenção para menores, que se vê sem rumo nas ruas da cidade após seus pais terem se mudado sem deixar vestígios.
A trama se desenvolve quando Wellington, apelidado de "Baby", visita um cinema pornô e conhece Ronaldo, vivido por Ricardo Teodoro, um garoto de programa mais experiente que se torna uma figura paternal e, eventualmente, um interesse amoroso para Wellington. A relação entre os dois é complexa, cheia de contradições, oscilando entre proteção e exploração, cumplicidade e ciúmes.
"Baby" é um retrato vibrante da juventude marginalizada tentando sobreviver no ambiente urbano de São Paulo. O filme explora temas como solidão, a busca por identidade e a formação de novas famílias em contextos de abandono e marginalidade. A direção de Caetano traz uma abordagem sensível e meticulosa, explorando as nuances das relações humanas, o desejo e a vulnerabilidade em meio ao caos da metrópole.
A performance dos atores, especialmente de Ricardo Teodoro, que recebeu o prêmio de Melhor Ator Revelação em Cannes, adiciona profundidade e humanidade aos personagens. Além disso, "Baby" foi reconhecido em outros festivais, como no Festival de Lima, onde foi eleito como Melhor Filme LGBTQIA+, e no Festival de San Sebastián, onde recebeu o prêmio Sebastiane Latino como Melhor Filme Latino Queer do Ano.
Personagens coadjuvantes como a de Ana Flavia Cavalcanti como Priscilla e Bruna Linzmeyer como Jana mostram as famílias como uma tábua de salvação. É aqui que o diretor volta ao seu aclamado "Corpo Elétrico (2017)", e trata novamente sobre famílias escolhidas.
Em "Baby", as sequências se desenvolvem entre os perigos das ruas, o tráfico de drogas, as boates gays, a vingança e os ambientes familiares semi-desestruturados. Há uma cena, na famosa boate Bailão, cuja Marcelo Caetano, já havia realizado um curta sobre.
Os diretores de fotografia Joana Luz e Pedro Sotero enquadram São Paulo em toda a sua beleza e feiura. As tomadas se prolongam para capturá-la, de vitrines coloridas a multidões navegando por ruas estreitas.
"Baby" é uma obra que ecoa com sua análise de relações humanas, afeto e resistência na comunidade queer no Brasil, enquanto normaliza experiências LGBTQIA+ que ainda enfrentam opressão no mundo todo. Personagens simplesmente vivem como são, encontrando laços que elevam seus espíritos.
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