quarta-feira, 12 de maio de 2021

Corpo Elétrico(Brasil, 2017)

Realizado com sensibilidade e total falta de pretensão, Corpo Elétrico, estreia de Marcelo Caetano,  é um estudo de um personagem gay de 23 anos que ainda não descobriu o que quer da vida, O afeto pelo protagonista permanece constante à medida que ele flui entre os grupos, acumulando amantes que se tornam amigos e busca uma saída para o tipo de incerteza saudável que muitas vezes, será encontrada na força da amizade.

Elias (Kelner Macêdo), que veio da Paraíba para São Paulo, tem sonhado muito com o mar ultimamente, o que é apropriado já que ele também está um pouco desorientado na vida. Ele trabalha como assistente do designer(Dani Nefussi) em uma confecção. Ele tem uma vida sexual ativa e, embora recentemente tenha terminado um relacionamento com o sugar daddy Arthur (Ronaldo Serruya), os dois ocasionalmente ainda dormem juntos.


Há uma fome gentil nos olhos de Elias: ele vê as pessoas ao seu redor com um olhar apreciativo e segue em frente com seus desejos, sem ser agressivo. À medida que o Natal se aproxima e o trabalho se intensifica, ele se socializa mais com os operários da fábrica, optando por ignorar as palavras do patrão Walter (Ernani Sanchez), que o aconselha a manter uma divisão entre a administração e os operários.


Entre os personagens está Wellington (Lucas Andrade), um jovem afeminado e esguio que traz Elias para conhecer sua família não tradicional, chefiada pela fabulosa drag queen Márcia Pantera e integrada pela fluída personagem de Linn da Quebrada. A cena de Pantera performando, enquanto bate peruca, é simplesmente alucinante.


O longa cativa silenciosamente a câmera com sua fisicalidade despreocupada. A fotografia de Andrea Capella geralmente favorece a intimidade, embora isso não se traduza necessariamente em planos exclusivamente fechados.

Caetano se inspirou no poema I Sing the Body Electric de Walt Whitman, e de fato a sensualidade de Whitman está presente, mas ainda mais aparente é sua celebração as camadas e mais camadas de personagens queer, colocando em evidência o magnetismo de seu corpo elétrico e político.



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