sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Tudo Vai Ficar Bem ( Cong jin yihou, Hong Kong/China, 2024)

Melancólico e inabalável, "Tudo Vai Ficar Bem"  tem um impacto surpreendente. O diretor Ray Yeung, que trata temas de maturidade, como em "Suk Suk (2019)", deixa os detalhes se acumularem criando um efeito que reverbera silenciosamente.

Ganhador do Teddy, honraria máxima ao cinema LGBTQIA+, no último Festival de Berlim, o longa segue Angie(Patra Au Ga Man) e Pat (Maggie Li Lin Lin). As duas mulheres formam um casal feliz há décadas. Pat possui um certo entusiasmo sonhador pela vida que é contagiante para sua amada Angie, mas também para o resto de sua família. Angie é mais realista, mas muitas vezes se deixa levar pelas ambições de Pat. Até que um desastre acontece e Pat morre inesperadamente.


A morte de Pat não deixa apenas muita tristeza, mas também muitos problemas familiares. Nenhum testamento foi assinado, o que significa que a família imediata tem direito à herança. Embora Angie se dê bem com os parentes, quase tudo foi tirado dela.


À medida que motivos centrados em dinheiro, propriedade e herança tomam forma dentro da família de Pat, seu tratamento com Angie se torna insensível e convenientemente ignorante de sua importância como companheira de vida de Pat. Embora Pat claramente desejasse ser jogada  no mar, a família intervém para reivindicar suas cinzas. 


"Tudo Vai Ficar Bem" fala principalmente sobre o luto e como lidar com uma grande perda. Porém, outro tema importante é o amor. Neste caso, trata-se de duas mulheres loucas uma pela outra. A homossexualidade é legal em Hong Kong desde 1991 e, apesar de se ter uma visão bastante liberal da comunidade LGBTQ+ em comparação com outros países asiáticos, ainda há muito progresso a ser feito. Sem direitos conjugais, a reivindicação de Angie à casa e aos bens compartilhados desaparece, apesar de décadas como família de Pat em todos os status, exceto legais.


A melhor coisa do filme é como ele é comovente sem se tornar excessivamente sentimental. Sutileza define o tom adotado pelo diretor. A  vida tem as suas lutas e muitas vezes é brutal, mas também oferece amor e harmonia: no final tudo vai ficar bem.




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