A segunda temporada de “English Teacher” amplia o caos cômico do ensino médio, levando Evan Marquez (Brian Jordan Alvarez) e a escola Morrison-Hensley a territórios mais explicitamente políticos, mas sem perder o humor ácido que consolida a série. Com dez episódios no total, a nova leva tenta manter o equilíbrio entre sátira escolar e crítica social.
Desde o início, a temporada assume riscos: o primeiro episódio adapta uma peça sobre a COVID-19, e logo se entremeta em temas como mudanças climáticas, recrutamento militar e vigilância digital. A série não trata esses assuntos como painéis de debate, ela os exagera, traz para o cotidiano da escola, faz piada e, ao mesmo tempo, puxa o tapete sob convenções sociais. Essa é sua força maior: usar a frivolidade como armadura para falar sobre o peso real da política na vida estudantil.
“English Teacher" continua sendo um dos títulos mais refrescantes da TV escolar. Evan é um professor gay latino que não se fecha em discursos morais: suas inseguranças, suas contradições e os espinhos de seu ativismo invadem sua vida pessoal. Sua relação com Malcolm (Jordan Firstman) encontra novas tensões nesta temporada, pois o ativismo de Evan começa a invadir o lar, e cada decisão política atravessa o afetivo. A série insinua quão tênue é o limite entre visibilidade e exposição quando se é uma figura queer em um ambiente que ainda teme o “diferente”.
A série mantém sua assinatura: episódios curtos (cerca de 22–25 minutos), ritmo acelerado, cortes secos, piadas que entram e saem com leveza. A sátira se alimenta dos contrastes, o idealismo exagerado de Evan frente à realidade escolar depreciada, os estudantes com celulares, professores com falhas, pais com expectativas.
Embora sexualmente mais comportada, e entendemos o porquê, a segunda temporada de “English Teacher” reafirma que a escola não é espaço neutro: é campo de batalha para identidades, poder e ideologia. Evan, como professor queer, se posiciona entre ser inspiração e ser alvo de críticas; os alunos exigem mais do que passividade e não aceitam sermões, eles querem representatividade real, voz, risco.
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