quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Mamántula (Alemanha/Espanha, 2023)

“Mamántula”, o novo filme de Ion de Sosa, desafia as convenções do cinema. De Sosa, nascido em Donostia em 1981 e já reconhecido por seu trabalho como diretor de fotografia e pelo longa “Androids Dream", retorna após quase uma década com uma obra que reafirma sua paixão por explorar os limites da linguagem cinematográfica. O média-metragem é uma experiência que foge das amarras narrativas habituais, apostando em uma abordagem visual e sensorial.

A trama se desenrola em uma Berlim sombria, onde cadáveres são encontrados reduzidos a peles vazias, um mistério que as investigadoras Lorena (Lorena Iglesias) e Marta (Marta Bassols) tentam desvendar. No centro da história está uma tarântula alienígena gigante, disfarçada de humano, que depende de sangue e sêmen para tecer uma teia que a levará de volta à sua dimensão original. Esse enredo, embora curioso, funciona mais como um pano de fundo para os experimentos estilísticos de De Sosa. O que impressiona é como um universo onde o bizarro ganha vida própria e cada detalhe visual contribui para a construção de uma atmosfera única.

Visualmente, “Mamántula” é pura arte que remete ao gênero giallo italiano e ao cinema transgressor de Bruce LaBruce. Filmado em 16mm, o longa privilegia texturas, cores e superfícies em detrimento de uma narrativa linear, resultando em uma estética onírica que hipnotiza. Os ecos de LaBruce aparecem na maneira como o filme abraça o explícito e o provocador, especialmente nos closes penianos que pontuam as cenas.

O gore em “Mamántula” é outro ponto alto, combinando repulsa e fascínio em doses generosas. Os efeitos práticos, como os cadáveres de silicone e as mortes pegajosas, são executados com um cuidado que transcende o simples horror. Cada cena sangrenta é composta como uma obra de arte, com detalhes que reforçam a estética do filme e deixam uma marca nojenta na tela.

Os closes de pênis não se limitam a exibir; eles exploram temas como desejo, poder e a fronteira entre o humano e o monstruoso. São imagens que confrontam mas também relevantes no contexto da obra. No longa, o explícito torna-se um instrumento narrativo e estético.

“Mamántula” escapa a rótulos fáceis, misturando horror, ficção científica e erotismo em apenas 48 minutos de pura excentricidade. Sua força está na coragem de ser diferente, na recusa em se prender a fórmulas previsíveis e na habilidade de transformar o grotesco em algo sublime.


Um comentário:

  1. https://drive.google.com/drive/folders/12KgU5Xjyo5DT-er2pK5wIr5JaImK7Z5e?usp=drive_link

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