domingo, 26 de maio de 2024

GAGA CHROMATICA BALL(EUA, 2024)

É hit atrás de hit em GAGA CHROMATICA BALL. O filme-concerto, que tem direção assinada pela própria Lady Gaga, foi filmado ao vivo no Dodgers Stadium, em Los Angeles,  com mais de 52.000 little monsters na plateia.

Visualmente escandaloso e opulente, o show representa várias eras da música de Gaga em uma carta de amor à arte. A edição perfeita pontua a energia da música, e da coreografia, ao vivo. Interlúdios, projeções, luzes, dança e claro, figurinos, tudo garante que Chromatica Ball seja um dos melhores shows de Lady Gaga.


O concerto divide-se em quatro atos distintos, todo eles pontuados por sucessos da cantora como Bad Romance e Poker Face, além do repertório do álbum Chromatica. No entanto, fãs mais fervorosos podem sentir a falta de canções como You and I e Paparazzi.


Mas é quando a artista assume o piano  que ela realmente alcança novos patamares. Cada um dos seus momentos no instrumento, destacando a introdução de Born this Way, tocam o coração.


É difícil militar em um megashow para uma plateia gigante, porém Gaga acerta o tom, ela conhece seu  público, a maioria jovens LGBTQIA+, dos quais ela gentilmente leva palavras de orgulho e empoderamento.


No fim das contas, não há narrativa aqui. Gaga Chromatica Ball cai estritamente no reino de um filme-concerto, deixando os espectadores se sentindo na plateia, e o melhor, com o ingresso pago pela própria Lady Gaga.




quarta-feira, 22 de maio de 2024

ENTREVISTA COM DANIEL RIBEIRO, SOBRE "13 SENTIMENTOS"

Ainda em clima de Dia dos Namorados, no dia 13 de junho, chega aos cinemas “13 Sentimentos”, o aguardado novo longa de Daniel Ribeiro, diretor do aclamado e premiado “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”. Com lançamento também garantido lá fora, com o título de “Perfect Endings”, o filme que faz parte de uma trilogia, chega às telonas pela Vitrine Filmes.

A obra faz uma reflexão sobre relacionamentos modernos e apresenta  Artur Volpi no papel de João, um jovem cineasta que, após o fim de um relacionamento de uma década, mergulha no mundo dos aplicativos de namoro. A trama se desenrola, quando ele conhece Vitor (Michel Joelsas), desencadeando uma nova paixão que João meticulosamente tenta moldar, como se estivesse dirigindo um filme.



Seu longa de estreia, “Hoje eu Quero Voltar Sozinho”, é grande sucesso de público e crítica, além de ter recebido o Teddy, no Festival de Berlim. Isso aumenta a pressão e as expectativas para um novo projeto?


Acho natural que haja uma expectativa, mas, ao mesmo tempo, eu sabia que não poderia nem deveria recriar algo que já tinha feito antes. Isso acaba sendo libertador.


Além disso, os filmes são de gêneros distintos. "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho" é um coming of age, um filme sobre amadurecimento, enquanto "13 Sentimentos" é uma comédia romântica. O que une os dois filmes é o retrato de personagens gays lidando com conflitos universais, com os quais todos os públicos podem se identificar.


De lá para cá, houve um hiato de 10 anos, mas que você trabalhou em outros projetos, porque esse longa chega agora?

Foi uma questão de financiamento e da pandemia. Em 2016, tínhamos uma pequena verba, mas precisávamos de mais para conseguir fazer o filme. Logo depois, vieram anos mais complicados para a cultura e o cinema, seguidos pela pandemia. Quando as coisas começaram a melhorar, decidimos fazer o filme com os recursos que tínhamos disponíveis. O Telecine e o Canal Brasil entraram como coprodutores pouco antes de começarmos a filmar, o que também nos ajudou. Ainda assim, o orçamento foi muito pequeno para um longa-metragem, mas conseguimos reunir uma equipe e um elenco criativos e dispostos a fazer esse filme em um tempo curto com os recursos que tínhamos disponíveis.


“Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” é baseado num curta. Onde nasceu “13 Sentimentos”?


Não posso revelar muito, pois a resposta está no próprio filme. Eu queria falar sobre esse momento de recomeço pós-término de namoro. Em 2016, terminei um relacionamento de 10 anos, e essa fase da vida, embora difícil, é repleta de dilemas, conflitos e tramas, tornando-se perfeita para ser transformada em roteiro. O personagem João compartilha dessa visão comigo.

O  filme trata de uma trama mais madura, sexy, e onde o protagonista é um cineasta. Existe um tom autobiográfico? E para além de experiências pessoais, o que você traz de novo?


Começamos o filme com a mensagem "baseado em sentimentos reais". Acho que isso sintetiza a essência do filme. Embora contenha muitos elementos da minha vida, não é exatamente autobiográfico. Trouxe momentos e sentimentos de diversos relacionamentos que vivi, misturei com ideias ficcionais e tentei costurar tudo em um roteiro que fizesse sentido para abordar o recomeço após o término de um longo namoro. E uma curiosidade; misturando os universos dos meus filmes: gravamos uma cena de festa no estúdio fotográfico de Fábio Audi, que interpretou Gabriel em "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho". Nesta cena, ele fez uma participação especial.


Como você avalia o atual cenário audiovisual brasileiro? Na sua opinião, as tramas voltadas ao público LGBTQIAP+ estão ganhando maior visibilidade?


Acho que a demanda do público LGBTQIAP+ resulta em uma maior e mais diversa quantidade de histórias com personagens da comunidade. Apesar do preconceito que ainda persiste, há um grande público que acolhe e celebra essas narrativas. Além disso, temos uma quantidade significativa e diversa de artistas LGBTQIAP+ produzindo audiovisual no Brasil. Por conta disso, estamos finalmente retratando toda a diversidade que existe dentro da sigla cheia de letras. Esses filmes não apenas circulam no Brasil, mas também alcançam um público internacional. Um exemplo é o Teddy Awards, o prêmio para filmes LGBT do Festival de Berlim. Nos últimos 10 anos, quatro produções brasileiras foram premiadas com o Teddy Award.


Quais as suas principais referências cinematográficas?

Entre muitos outros, destaco "Happy Together" de Wong Kar Wai, “Má Educação” de Almodóvar, “Homme au bain’ do Christophe Honoré, "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" de Michel Gondry, "Antes do Pôr do Sol" de Richard Linklater, "Encontros e Desencontros" de Sofia Coppola e "Hedwig and the Angry Inch" de John Cameron Mitchell.


Quais as principais influências de ‘’13 Sentimentos’’?


Algumas das influências incluem: a idealização do passado em "Meia-Noite em Paris" de Woody Allen e a mistura entre realidade e ficção vista em "Bergman Island" de Mia Hansen-Løve.

Você pode descrever um pouco o processo de rodagens?


"13 Sentimentos" teve um set de filmagem muito corrido devido ao número limitado de dias de filmagem e ao roteiro repleto de diálogos. Por isso, nos preparamos intensamente para as filmagens. Com cenas longas e cheias de texto, realizamos muitos ensaios para garantir que o elenco estivesse em perfeita sintonia no set. Além disso, o filme possui muitas locações, o que nos fez mudar de cenário quase diariamente durante as duas primeiras semanas, representando um desafio adicional para a equipe.





Artur Volpi e Michel Joelsas protagonizam. Como foi a escolha do elenco?


Além do Michel, que interpreta Vitor, nós temos muitos outros rapazes que João, interpretado por Artur Volpi, conhece nos aplicativos de relacionamento. Bruno Rocha, Igor Cosso, Sidney Santiago Kuanza e Cleomácio Inácio passam de alguma maneira pela vida de João. Além desse universo romântico que é muito diverso, nós também temos os dois melhores amigos, Alice (Julianna Gerais) e Chico (Marcos Oli), a mãe Mara (Helena Albergaria), e Paula (Maite Schneider), a produtora que trabalha com João. 


Devido à grande quantidade de personagens, a escolha do elenco foi um processo longo e complexo. Além de encontrar os perfis ideais para cada personagem, era necessário equilibrar a química entre todos eles. O trio de amigos precisava transmitir a ideia de que se conheciam há anos, a relação entre mãe e filho precisava exalar ternura, e a relação entre João e cada um de seus pares românticos precisava revelar uma atração convincente. Usando um dos símbolos do filme, foi tão complexo quanto montar um cubo mágico, mas no final, tudo se encaixou perfeitamente.


O filme faz parte de uma trilogia sobre relacionamentos e emoções, iniciada por “Hoje eu Quero Voltar Sozinho". Como se chama a trilogia? A trilogia encerra com “Amanda e Caio”? Como estão os preparativos para esse desfecho e o que ele promete de mais inovador?

Não há um nome específico para a trilogia, mas ela retrata as diferentes fases de um relacionamento. É uma trilogia temática, composta por filmes diferentes com personagens distintos, e não segue uma ordem cronológica. A intenção sempre foi lançar "Amanda e Caio" após "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho", mas devido a questões de financiamento e cronograma, "13 Sentimentos" acabou sendo produzido primeiro.


Em "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho", mostramos um casal se conhecendo e se apaixonando. Em seguida, temos "Amanda e Caio", que acompanha um casal enfrentando uma crise após anos de namoro. E terminamos com um recomeço em “13 Sentimentos”, onde um rapaz que terminou um relacionamento de 10 anos precisa entender melhor como é ser sozinho e solteiro depois de tanto tempo sendo a metade de um casal. 


SOBRE DANIEL RIBEIRO



Daniel Ribeiro nasceu em São Paulo, Brasil, em 20 de maio de 1982. Formado pela Escola de Cinema da Universidade de São Paulo, é diretor da Lacuna Filmes. Escreveu e dirigiu “Café com Leite” e "Eu Não Quero Voltar Sozinho”, filmes exibidos em mais de 180 festivais pelo mundo e 115 prêmios. Em 2011, foi um dos idealizadores do Projeto #EuSouGay (#IAmGay), que criou um vídeo LGBT contra a homofobia. Seu primeiro longa-metragem, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho", estreou no Panorama da Berlinale de 2014, sendo premiado com o FISPRESCI e o Teddy Award. Dirigiu ainda, a série, TodXs Nós e “13 Sentimentos”.


terça-feira, 21 de maio de 2024

Stress Positions(EUA, 2024)



Uma comédia pandêmica escrita, dirigida, editada e estrelada pela artista trans Theda Hammel. Durante a pandemia de COVID-19, o freneticamente preocupado em contrair o vírus, Terry Goon (John Early), um homem gay desempregado, vivendo em quarentena no Brooklyn, na casa de festas, de seu ex-marido Leo (John Roberts), onde seu problemático sobrinho, de 19 anos, Bahlul (Qaher Harhash), um modelo marroquino, quebrou a perna e está sendo cuidado por Terry.


A amiga lésbica de Terry, Karla (Theda Hammel), e sua namorada Vanessa (Amy Zimmer) são vizinhas intrometidas com quem ele tenta lidar, mas sem sucesso. Sua excêntrica senhoria no andar de cima, Coco (Rebecca F. Wright) é uma negacionista da COVID, que é uma má influência em Bahlul. 


Karla é trans e Bahlul quer ouvir sua história. Terry não quer corromper seu sobrinho, que cresceu no Marrocos, nem irritar sua irmã muçulmana. Mas ele passa tanto tempo se preocupando com isso que nunca para para pensar que talvez Bahlul esteja lá porque quer fazer parte de seu mundo.


Esse momento pontua uma cena de diálogo desenfreada, barulhenta e emocionante que encarna Stress Positions, um filme hilariantemente mordaz que permite que seus personagens sejam seus eus amargos e fracassados em vez de parte de uma mensagem política


Para evitar que as coisas fiquem lúcidas, Karla e Bahlul narram o filme. Cada um contando o medo e a ansiedade com a pandemia que foram colocados em movimento entre esses personagens.


Uma obra ambientada em uma época que a maioria dos filmes parece querer esquecer, Stress Positions captura a era Covid perfeitamente. Early, em particular, incorpora o espírito enclausurado e paranoico, cheio de pânico e inconsistentemente cauteloso dos tempos enquanto higieniza tudo em sua volta e tenta desesperadamente impor políticas de máscara, exceto, é claro, quando ele esquece completamente.






segunda-feira, 20 de maio de 2024

Faceless After Dark(EUA, 2023)

Bowie (Jenna Kanell, de Terrifier) se vê lidando com um fandom tóxico  após seu papel de destaque em um filme de palhaço assassino. Sua parceira Jessica (Danielle Lyn) deve partir para um papel enorme, em Londres. Como Bowie passa um tempo sozinha, ela começa a trabalhar em seu próprio roteiro.

Logo no início, Faceless After Dark faz alguns comentários interessantes quando se trata de haters nas redes sociais, ou apenas aqueles que pedem coisas estranhas de celebridades. Uma vez que um estranho aparece na sala de estar de Bowie, vestindo uma máscara de palhaço, o filme dá uma dura guinada em um novo território. O palhaço não é mais simplesmente uma entidade em um filme que ela fez; em vez disso, o palhaço representa uma manifestação física de tudo o que Bowie vem tentando superar.

O diretor Raymond Wood dá aos fãs do gênero o que eles desejam, incluindo assassinatos sangrentos e cenas de perseguição, mas a história de Bowie mantém o sangue vital fluindo através de um final de jogo perturbador.


Ao mesmo tempo em que equilibra a linha tênue entre arte e artista, o filme consegue destacar as linhas perigosas que as pessoas cruzam quando se trata de fandom. Assim como a pressão injusta que se acumulava sobre as estrelas em ascensão. 


Com pitadas de MeninaMá.Com e Bliss, Faceless After Dark, surpreendentemente se torna um filme de vingança por estupro, mas sem o estupro, apresentando ideias feministas em um mundo tóxico. Bowie se vê como uma Dexter, uma atriz de cinema vigilante.


O diretor Raymond Wood monta sequências estilizadas e iluminadas de roxo que evocam o tipo de filmes em que Bowie esteve, mas também sugerem algo mais elegante, fragmentário e politicamente motivado. Faceless After Dark entra em muitas discussões interessantes sobre uma série de tópicos que se relacionam com o terror dentro e fora das telas.


A segunda metade do filme em particular, enquanto acompanhamos a espiral descendente de Bowie, é onde o talento visual do filme entra em alta velocidade. A constante ao longo é a atuação de Kanell, que é bem calibrada para acompanhar o personagem ao longo deste filme. A narrativa, no entanto, está em terreno mais instável, pois conta com artifícios da trama para realmente construir muito em termos de suspense.


Fade outs são retratados em vermelhos profundos, e o gore de bom gosto acompanha alguns de seus momentos mais macabros. No final, o filme não consegue alcançar algo que não vimos antes em um contexto diferente, no entanto o comentário social tem o tom no lugar certo, tocando na indústria e na exploração dos fandons. 



terça-feira, 14 de maio de 2024

QUEER PALM 2024

Começa hoje o Festival de Cannes, um dos maiores do mundo, e que concede à QUEER PALM, prêmio que contempla filmes de temática LGBTQIA+. Tem brasileiro na disputa, diretores consagrados, e narrativas queer pra todos os lados. Vem conferir os selecionados:


Baby, de Marcelo Caetano

My Sunshine, de Hiroshi Okuyama Em uma ilha japonesa, a vida gira em torno das mudanças de estações. O inverno é época de hóquei na escola, mas Takuya não está muito empolgado com isso. Seu verdadeiro interesse está em Sakura, uma estrela em ascensão da patinação artística.


Viet & Nam, de Truong Minh Quý

Nas profundezas das minas de carvão subterrâneas, onde o perigo espera e a escuridão prevalece, Nam e Viêt, ambos jovens mineiros, apreciam momentos fugazes, sabendo que um deles partirá em breve para uma nova vida do outro lado do mar.


Baby, de Marcelo Caetano

"Baby é um retrato vibrante de um outsider tentando sobreviver em São Paulo. Romanesco em sua narrativa, esse melodrama queer, ora doce, ora duro, é o retrato de uma realidade social desafiadora ao mesmo tempo que conta uma história de amor moderna."


La Pampa, de Antoine Chevrollier

Willy e Jojo são amigos de infância e nunca se abandonam. Para matar o tédio, eles treinam no Pampa, um campo de motocross. Uma noite, Willy descobre o segredo de Jojo


La Mer au loin, de Saïd Hamich Benlarbi

Nour, de 27 anos, emigrou ilegalmente para Marselha. Com seus amigos, vive do tráfico e leva uma vida marginal. Mas seu encontro com Serge, um policial imprevisível, e sua esposa Noémie, vai virar sua vida de cabeça para baixo.


Les Reines du drame, de Alexis Langlois

2055. Steevyshady, um youtuber hiperbotocado, conta a história do destino incandescente de sua ídola, a diva pop Mimi Madamour, desde o auge de sua fama, em 2005, até sua descida ao inferno com um cantor punk.


Eat The Night, de Caroline Poggi e Jonathan Vinel

Pablo e a sua irmã Apolline fogem da sua vida cotidiana jogando Darknoon, um game com que cresceram. Um dia, Pablo conhece Night, a quem apresenta os seus pequenos jogos, e se afasta de Apolline.


Los domingos mueren más personas, de Iair Said

David, um millenial de 30 e poucos anos, acima do peso, homossexual e com medo de voar, retorna à sua Argentina para assistir ao funeral de seu tio. Lá, ele se reconectará com sua mãe, enquanto embarca em uma missão por Buenos Aires.


Bird, de Andrea Arnold

Aos 12 anos, a jovem Bailey vive com o irmão Hunter e o pai Bug, que os cria sozinho num bairro de lata no norte de Kent. Bug não tem muito tempo para eles e Bailey, que se aproxima da puberdade, procura atenção e aventura noutro lugar.


Emilia Perez, de Jacques Audiard

O filme se passa no México e conta sobre a advogada Rita (Zoe Saldana) que está desperdiçando seu talento profissional fazendo parte de uma empresa de baixa qualidade: ao invés de servir a justiça, eles apenas encobrem os crimes cometidos.


Marcello Mio, de Christophe Honoré

Chiara é uma atriz e filha de Marcello Mastroianni e Catherine Deneuve. Em um verão, ela decide viver como seu pai. Ela se veste, fala e respira como ele com tanta convicção que os outros começam a chamá-la de "Marcello".


Motel Destino, de Karim Aïnouz

Heraldo precisa se livrar de uma dívida e tenta assaltar um banco, mas não é bem-sucedido em sua empreitada. Ele busca esconderijo em um motel de beira de estrada, onde conhece Dayana.


La Belle de Gaza, de Yolande Zauberman

O filme acompanha a viagem de transgêneros da Palestina, que fogem de Gaza para Tel Aviv, a fim de viverem livremente. O doc capta a sua perigosa viagem entre estes dois mundos, oferecendo uma visão rara da sua luta pela auto-afirmação.


Les Femmes au balcon, de Noémie Merlant

O longa acompanha três mulheres (Noémie Merlant, Souheila Yacoub e Sanda Codreanu) que, em meio a uma forte onda de calor, ficam presas em um apartamento em Marselha.


Miséricorde, de Alain Guiraudie

A narrativa acompanha Jérémie (Félix Kysyl), um homem de 30 e poucos anos que volta para a sua cidade natal para prestar seus últimos agradecimentos ao seu antigo patrão e padeiro da aldeia.


Vivre, mourir, renaître, de Gaël Morel

Emma ama Sammy, que ama Cyril, que a ama de volta. O que poderia ter sido uma história de amor no final do século passado é destruído pela chegada da AIDS. Esperando o pior, o destino de cada personagem toma um rumo inesperado.


Three Kilometres to the End of the World, de Emanuel Pârvu

Adi passa o verão em sua vila. Sua vida muda após ser brutalmente atacado. Seus pais o veem de outra forma e a tranquilidade da vila se desfaz.


The Shameless, de Konstantin Bojanov

Na trama, depois de matar um policial em um bordel de Delhi, Renuka (Anasuya Sengupta) se refugia em uma comunidade de profissionais do sexo no norte da Índia.



CURTAS


Three, de Amie Song

Em uma reunião, uma chinesa que se mudou recentemente para os Estados Unidos para viver com sua filha, tenta manter os segredos de sua filha de seus novos amigos da igreja.


As Minhas Sensações São Tudo O Que Tenho Para Oferecer, de Isadora Neves Marques

Lourdes e Lana Isadora Alves conheceram-se telepaticamente usando “comprimidos sensoriais”, uma tecnologia que permite aceder às sensações físicas e emocionais de outras pessoas à distância.


Sauna Day, de Anna Hints & Tushar Prakash

O curta convida você para o mundo dos homens do sul da Estônia que vão para o espaço escuro-íntimo de uma sauna de fumaça depois de um dia duro de trabalho. Sob seus exteriores duros está um desejo de conexão, velado em segredo.


Las Novias del Sur, de Elena López Riera

Mulheres de meia-idade falam sobre seu casamento, sua primeira vez, sua relação com a sexualidade. Na repetição desses rituais, a diretora questiona sua própria falta de casamento, de filhos e, com isso, uma cadeia de relações maternas.


Immaculata, de Kim Lêa Sakkal

Derya está grávida, mas não teve relações sexuais. Ao olharmos para sua vida, uma governanta no auge de um verão seco, sinais do sobrenatural e do divino emergem, levando-nos a questionar a verdadeira origem de sua misteriosa gravidez.

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Motel Destino, de Karim Aïnouz

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Juice 1ª Temporada(Reino Unido, 2023)

Juice é a minissérie da BBC 3 que precisa ser vista e lançada no Brasil. Criada e protagonizada pelo youtuber paquistanês Mawaan Rizwan, a atração é uma comédia maluca e surrealista, que acena para Michel Gondry, sobre um jovem que tenta adaptar-se a uma relação amorosa.

A história gira em torno de Jamma (Mawaan Rizwan), um jovem que acaba de começar um relacionamento com Guy (Russell Tovey), que tem uma profissão de terapeuta, uma hipoteca e uma vida efetiva. Quando ele diz que tem uma queda por ele, as paredes ao redor de Jamma literalmente se apertam, uma representação de seu estado emocional que se repetirá ao longo da série, como numa mistura de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças(2004) e Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo(2022).

Tentando criar uma abordagem mais visceral e física em vez de confiar na comédia em diálogos ou piadas, as emoções de Jamma são representadas através de tremores ao seu redor, musicais ou cenas surreais, que os diretores Gideon Beresford e Benham Tahri, que se autodenominam Rosco 5, conseguem introduzir com sentido.


Inspirada nas comédias físicas de Buster Keaton, a atração, que surgiu no teatro, fala sobre o medo de chegar à vida adulta, especialmente através da relação com Guy, que consegue ser muito charmoso. Premiado com o BAFTA da TV, o protagonista de Juice sempre quer demonstrar sua capacidade de adaptação e amadurecimento, mas às vezes tomando decisões erradas e passando por momentos de vergonha alheia.


Sua mãe e irmão na vida real também atuam na série. Farida (Shahnaz Rizwan) e Isaac (Nabhaan Rizwan) têm a capacidade de ofuscá-lo constantemente, e há um certo medo em Jamma de que seu relacionamento acabe como o de seus pais, com Farida continuamente se impondo ao mais reservado Saif (Jeff Mirza). 


Engraçada, muito louca e também bastante queer, essa comédia abusada pode ser mais atraente, para além de todo o seu humor, é um olhar interessante sobre a aceitação da maturidade para alguém que é manifestamente imaturo.


Ao longo de seis episódios, com menos de 30min, o protagonista navega hilariamente por seu caótico trabalho, família, vida social e romântica. Jamma precisa de estímulo e atenção constantes, e cria drama assim que a vida se torna tranquila.


Embora no coração de Juice esteja em uma história de amor entre dois homens, a homossexualidade é secundária a tudo o que está acontecendo por todos os lugares, e a afetação de Jamma nunca é questionada ou discriminada por ninguém em seu mundo lúdico, já renovado para a segunda temporada. 



quarta-feira, 8 de maio de 2024

Founders Day(EUA, 2023)

O roteirista e diretor Erik Bloomquist e o coroteirista Carson Bloomquist jogam o antigo conflito entre "consistência" e "mudança". Na pequena cidade de Fairwood, esses valores são encarnados, respectivamente, pela prefeita Blair Gladwell (Amy Hargreaves) e seu atual oponente, Harold Faulkner (Jayce Bartok).

No meio de sua disputa, a filha de Faulkner, Melissa (Olivia Nikkanen), escapa por algum tempo a sós de madrugada com sua namorada Allison (Naomi Grace), que é violentamente interrompida por um assassino mascarado empunhando um martelo malvado.


Depois de prestar homenagem aos filmes de acampamento de verão dos anos 80 em She Came from The Woods, os Bloomquists aqui homenageiam o revival slasher da década seguinte, mais notavelmente Pânico, desde a roupa do vilão até o foco em uma comunidade, em vez de um grupo isolado, sendo atacado.  Embora o filme tente adicionar algum tempero político, em sua essência, é um slasher.


Founders Day oferece uma mistura saborosa de emoção, drama, violência e alguma relevância contemporânea. Os Bloomquists se divertem muito espetando o sistema político americano, guardando uma de suas farpas mais afiadas para seu clímax inesperado.

A tragédia se transforma em oportunidade política da maneira mais cínica e imaginável. A trilha sonora de Tim Williams ("Pearl") acentua o horror, bem como o falso patriotismo, complementado por seleções de de synth pop como 'We Want More’, do Keep Shelly in Athens.


Mas Founders Day peca com muitas histórias tecidas ao longo de seus 106 minutos. Obviamente, há a trama principal com o assassino mascarado. Então há a eleição para prefeito e as tensões que acompanham isso. Há ainda o drama da sexualidade de Allison, que está planejando deixar a cidade após a formatura do ensino médio.



terça-feira, 7 de maio de 2024

Housekeeping for Beginners(Domakinstvo za Pocetnici, Macedônia do Norte/Austrália/Croácia/EUA, 2023)

Após seu terror folk You Won’t Be Alone e o romance noventista Of An Age, o diretor australiano-macedônio Goran Stolevski, volta à sua terra natal, a Macedônia do Norte, para fazer Housekeeping for Beginners, um conto cheio de palavrões, estridente e profundamente comovente. Nele, o diretor lida com as noções de família, racismo institucional, direitos LGBTQ e o significado do amor visto sob a perspectiva de uma casa disfuncional composta por desajustados.

A história gira em torno da matriarca Dita (Anamaria Marinca) que vive com sua namorada Suada (Alina Serban), uma cigana, e as filhas de Suada, a sempre furiosa adolescente Vanesa (Mia Mustafa) e a deliciosa Mia (Dzada Selim), de seis anos. Quem também mora na casa é Toni (Vladimir Tintor), cuja última conquista, o gentil Ali (Samson Selim), logo se torna parte do ambiente. Soma-se à mistura um casal de lésbicas barulhentas, uma das quais aponta que a casa de Dita está começando a se parecer com as Nações Unidas. Todos são aceitos e todos se sentem seguros. 


No entanto, Dita não pode proteger a todos. Quando Suada recebe um prognóstico devastador de câncer, ela pede ajuda a Dita e, juntos, elas inventam um plano maluco. Não é apenas o câncer que representa uma ameaça de desmembramento da família precariamente colocada. A Macedônia do Norte não é exatamente uma sociedade liberal, como fica claro por todos os que vivem sob o teto de Dita.


Sabendo que dificilmente sobreviverá e desesperada para salvaguardar o futuro da filha,  Suada exige duas coisas: que Dita se torne mãe e que Toni lhes dê seu nome, para que ninguém saiba que eles são ciganos e eles não enfrentem a discriminação que interferiu em suas chances de vida. Isso cria problemas práticos, pois os documentos precisam ser falsificados e a burocracia navegada para garantir que as crianças não sejam levadas.


Stolevski consegue percorrer a linha tênue entre a alegria e o amor da casa de Dita e a tristeza e os perigos potenciais que se escondem dentro e fora dela. O filme mostra que há muitas maneiras de ser uma família, desde que haja vontade e uma enorme dose de amor.


Enquanto acompanha os altos e baixos dos relacionamentos, o filme explora o cenário social desequilibrado na Macedônia. Goran Stolevski combina crítica social e humor em um encontro doloroso dos efeitos destrutivos da discriminação. 





segunda-feira, 6 de maio de 2024

Bela e Rebelde(Sei nell'anima, Itália, 2024)

Um renascimento físico, mental e artístico está no centro de Bela e Rebelde, uma cinebiografia sobre a roqueira italiana, Gianna Nannini, para a Netflix, dirigida por Cinzia TH Torrini e baseada na autobiografia Cazzi miei.

Um retrato íntimo e comovente de uma artista multifacetada e de uma mulher que sempre foi contra a maré, centrado na primeira parte da carreira de Gianna Nannini, sua rápida ascensão e sua profunda crise pessoal em 1983, seguido de sua afirmação definitiva com a Fotoromanza.


Um dos pontos fortes do projeto dá corpo e rosto a Gianna Nannini, a incrível Letizia Toni, ela dá uma performance que vai muito além da mera imitação, embelezando uma história sincera e nunca acomodada, fortemente desejada pela própria cantora.


O curto espaço de tempo em que o filme se concentra permite que Cinzia TH Torrini delineie a protagonista através de seus traços de personagem principal e através dos eventos que mais a marcaram, distanciando-a de desvios inúteis.

Um fluxo de emoções dentro do qual não faltam brigas, traições, decepções e as inevitáveis consequências da fama, como a pressão dos produtores para fazer um novo hit.


Com o sucesso vêm as drogas. Ela experimenta LSD e acaba acumulando linhas de cocaína, para desgosto de sua namorada Carla(Selene Caramazza), que consegue  fazê-la parar.  Esse episódio leva ao Período de Reinvenção Musical de Gianna, até hoje um ícone queer na Itália.