"Femme" , de Sam H. Freeman e Ng Choon Ping, é um curta-metragem que, em apenas 18 minutos, entrega uma experiência intensa e envolvente. A trama, que em 2023 se transformou num potente longa, segue Jordan (Paapa Essiedu) que entra no carro de um traficante (Harris Dickinson) e logo se vê em uma situação perigosa. O que começa de forma equilibrada rapidamente ganha camadas de tensão. A habilidade do filme em desafiar o previsível é um dos seus maiores êxitos.
Paapa Essiedu está simplesmente incrível como Jordan. Ele traz o carisma necessário para um personagem que, em tão pouco tempo, conquista o espectador. Do outro lado, Harris Dickinson dá vida ao traficante com uma intensidade crua, encarnando a masculinidade tóxica de um jeito que arrepia e complementa os temas do filme. A química entre os dois é elétrica, carregando a história com uma energia que faz toda a diferença.
O estilo visual de "Femme" é um show à parte. Com cores vibrantes e uma cinematografia afiada, o filme cria uma atmosfera que intensifica a tensão e a energia da narrativa. A direção de Freeman e Ping injeta um movimento dinâmico e uma vibe jovem que tornam tudo mais fascinante. Não é só um pano de fundo bonito, os visuais trabalham junto com a trama, puxando ainda mais pra dentro da história.
O lance queer em "Femme" é tratado com respeito e coragem. O curta adentra em temas pesados como homofobia e masculinidade tóxica, mas foge dos clichês batidos que já vimos antes. A abordagem é fresca e provocativa, cutucando feridas de um jeito inteligente e sem medo.
A direção e o texto são o motor de "Femme". Sam H. Freeman e Ng Choon Ping constroem uma narrativa que começa tranquila e vai acelerando aos poucos, com um controle impressionante da tensão. Tudo cresce de forma orgânica até o clímax. Mas como aqui, o tempo é limitado, é catarse pura, enquanto no longa os diretores conseguiram expandir o universo dos personagens.
Exibido em Festivais e premiado no British Independent Film Awards "Femme", de 2021, é um achado, para quem como eu, ama “Femme”, de 2023. É visceral, ousado, intenso e surpreendente, do início ao fim. É o tipo de cinema que provoca e realmente deixa muitas margens para a criação de um longa.