quinta-feira, 19 de junho de 2025

Vitória (Brasil, 2025)


 "Vitória", de Andrucha Waddington, é uma obra cinematográfica que combina uma narrativa envolvente com temáticas sociais profundas. Inspirado na história real de Joana da Paz, o filme acompanha Dona Nina, interpretada por Fernanda Montenegro, uma idosa que, armada apenas com uma câmera e uma coragem admirável, enfrenta o tráfico de drogas em Copacabana, Rio de Janeiro. A direção de Waddington, que assumiu o projeto após a morte de Breno Silveira, equilibra momentos de ternura e tensão, criando uma experiência emocionante e reflexiva sobre resistência e justiça.

A atuação de Fernanda Montenegro é a engrenagem de "Vitória". Sua interpretação de Dona Nina transmite uma gama de emoções, da vulnerabilidade à determinação, capturando a essência de uma mulher que desafia o etarismo e a violência urbana. A trama denuncia a corrupção e a inércia das autoridades, enquanto celebra a força de uma pessoa comum em circunstâncias adversas. Montenegro eleva o filme, tornando cada cena um testemunho da resiliência humana.

A representatividade queer é explorada com sensibilidade através da personagem Bibiana, interpretada por Linn da Quebrada. Vizinha de Dona Nina, Bibiana é uma mulher trans que enfrenta os desafios de viver à margem da sociedade. Sua relação com a protagonista evolui de estranheza para uma amizade afetuosa, destacada em uma bela cena de dança.. A atuação de Linn é impactante e evita estereótipos, trazendo humanidade à narrativa e enriquecendo "Vitória" com uma perspectiva marginalizada.

O filme aborda temas urgentes como violência urbana, corrupção e etarismo sem cair em clichês. A história de Dona Nina é um microcosmo de questões sociais mais amplas, refletindo a complexidade da realidade com um final ambíguo.

"Vitória" é um estudo potente sobre coragem e representatividade. A atuação de Montenegro, a direção madura de Waddington e a inclusão de Linn da Quebrada formam um conjunto coeso que provoca reflexões sobre opressão e resistência. Apesar de pequenos deslizes, o filme engaja e emociona, destacando a força do indivíduo diante de sistemas opressivos e a importância de dar voz aos silenciados.

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