Madeleine (Anaïs Demoustier) é garçonete em um hotel na costa francesa dos anos 1950 quando conhece François (Vincent Lacoste), um estudante rico que logo se interessa por ela. Eles se apaixonam e se casam. Madeleine, porém, guarda um segredo sombrio: durante a Segunda Guerra Mundial, teve um romance com um soldado alemão, do qual nasceu Daniel, seu filho. François, por sua vez, também carrega um peso. Ele acaba de encerrar um caso amoroso com um homem, algo que, na França da época, onde a homossexualidade é crime, o mantém sob constante temor da lei. Surge a dúvida: o casamento deles pode resistir a essas sombras?
Le Temps d’Aimer evoca Douglas Sirk, não apenas no título. Inspirando-se em sua liberdade narrativa e cobrindo duas décadas, o filme retoma seus temas: amores impossíveis, segredos familiares e cicatrizes profundas marcam o caminho de um casal que busca redenção um no outro, sem que a esperança plenamente se concretize.
Dirigido por Katell Quillévéré, o longa oferece um deleite visual. A fusão de jazz, luzes neon e uma atmosfera carregada de virilidade — onde a tensão oscila entre brigas e sexo livre, por vezes a três — cria sequências belas e intensas, que capturam os impulsos conflitantes dos protagonistas
A premissa de explorar a euforia dos Anos de Glória como impulso para duas almas reprimidas é instigante, especialmente ao revelar a desilusão que se instala com o tempo. A amargura de uma mãe e a repressão de um marido corroem os alicerces de uma família já fragilizada.
Inspirado na vida da avó da diretora, o filme não é exatamente um romance. É, sim, um retrato tocante e esteticamente rico, que condensa o "amor" como ideia e necessidade humana essencial.
O filme me trouxe essa sensação agridoce: vejo beleza e melancolia se misturando, um lembrete de que o amor, por mais verdadeiro que seja, nem sempre consegue apagar as marcas que o tempo deixa em nós.
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