Mas François também tem um segredo. Ele acaba de terminar um caso de amor - com um homem. Como a homossexualidade é crime na França na época, ele vivia com medo constante de ser responsabilizado por seu comportamento pela polícia. O casamento entre Madeleine e François pode sobreviver nessas condições?
Le Temps d’aimer acena para Douglas Sirk, não só no título: tomando sua fonte na liberdade e se estendendo por 20 anos, o filme de fato retoma seus códigos. Amores impossíveis, segredos de família, feridas indeléveis, que pontuam os destinos de um casal que quer acreditar na redenção através do outro, sem que a magia realmente possa funcionar.
O filme, de Katell Quillévéré, revela um verdadeiro deleite estético: o casamento entre jazz, iluminação neon e uma atmosfera viril onde o excesso de energia oscila entre brigas e sexo desimpedido, às vezes a três, resulta em sequências muito bonitas, que conseguem captar os impulsos contraditórios dos protagonistas.
A ideia de seguir a euforia dos Anos de Glória como uma alavanca para a realização de duas pessoas muradas é interessante, especialmente quando leva à desilusão a longo prazo. A acidez e o descontentamento de uma mãe, e a repressão de um marido, envenenam uma família cujos alicerces parecem irremediavelmente enfraquecidos.
Inspirado na história da avó da diretora, o longa não é um romance, mas é um retrato profundamente tocante e também bonito que resume bem o "amor" como conceito, como uma necessidade humana.
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