Ela pode parecer feroz em uma saia lápis de couro justa e uma gabardine, mas Marina não é uma femme fatale, ela é frágil: nada sobre sua identidade ou seu relacionamento com o falecido é vergonhoso ou falso, mas ela se vê tratada como uma impostora: pelos respondentes imediatos do hospital, que insistem em tratá-la por sua identidade de nascimento; por uma detetive (Amparo Noguera) da Unidade de Investigação de Crimes Sexuais, que a submete a uma humilhação física e, finalmente, pela própria família e ex-esposa de Orlando, Sonia, uma arrepiante e corrosiva Aline Kuppenheim, que reivindica direitos de luto primários e rotula Marina de “quimera”, enquanto tira tudo que Orlando lhe deixou. Marina deve arrumar uma maneira independente de dizer adeus e começar tudo de novo.