terça-feira, 8 de julho de 2025

Hotel Milano (Itália, 2022)

“Hotel Milano”, quinto longa-metragem de Pasquale Marrazzo, é um drama que mergulha nas complexidades do amor em um mundo marcado pela intolerância. A história segue Riccardo (Michele Costabile) e Luca (Jacopo Costantini), um casal gay que enfrenta violência homofóbica constante de um grupo de agressores (Leandro Conte, Francesco Iovine, Luca Machitella, Vadim Ritter). O filme aborda a luta pela autoexpressão e a liberdade de amar, temas de grande relevância em um contexto global de divisões sociais.

A narrativa ganha força ao retratar o amor intenso entre Riccardo e Luca, especialmente em flashbacks que mostram os primeiros momentos de seu relacionamento. Essas cenas, bem construídas, oferecem uma janela para a conexão especial entre os dois, humanizando-os e dando ao público um motivo para se importar. No entanto, o filme sofre com uma estrutura fraturada, com cortes abruptos que interrompem o fluxo emocional.

Um dos pontos altos do filme é a personagem Rachele (Luisa Vernelli), irmã de Luca, que se destaca como a figura mais bem desenvolvida. Vernelli entrega uma atuação excepcional, capturando o conflito interno de uma mulher dividida entre a lealdade aos pais religiosos (Lucia Vasini, Antonio Rosti) e seu senso de justiça. É nas interações de Rachele com os outros personagens que o filme encontra sua seriedade e profundidade emocional.


Por outro lado, o roteiro apresenta falhas bem significativas. A conexão de Riccardo com seus agressores, revelada de forma desajeitada e excessivamente óbvia, confunde mais do que esclarece. Da mesma forma, a relação entre Riccardo e sua mãe, uma viciada que o abandonou na infância, é tratada de maneira superficial. Suas conversas telefônicas, destinadas a explorar a dor de um vínculo fraturado, carecem de impacto emocional, deixando esse arco narrativo subdesenvolvido.

Apesar de suas falhas,”Hotel Milano” é elevado por um elenco competente e acerta ao abordar a violência e o preconceito enfrentados pela comunidade LGBTQ+, mas tropeça na execução. Seus melhores momentos vêm em doses pequenas, como os flashbacks do casal e a complexidade de Rachele, mas a narrativa se arrasta em busca de maior profundidade. 


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