quarta-feira, 2 de julho de 2025

Valentino (Reino Unido, 1977)

 
"Valentino", de Ken Russell, mergulha na vida de Rudolph Valentino, ator de cinema mudo, desde seus dias como lavador de pratos e gigolô em Nova York até o auge da fama, entrelaçando relações com mulheres e rumores de homossexualidade. Baseado em "Valentino, an Intimate Exposé of the Sheik", o filme traz Rudolf Nureyev, Leslie Caron, Michelle Phillips e Carol Kane, narrado em flashbacks pós-morte em 1926.

A escolha de Nureyev, bailarino abertamente gay, amplifica a representatividade queer, ecoando as especulações sobre Valentino. A dança com Vaslav Nijinsky, com movimentos sinuosos e olhares carregados, e o flashback de tango sugerem desejos proibidos. A luta de boxe, resposta a um artigo que ataca sua masculinidade, exibe tensão sexual disfarçada, num jogo de corpos que desafia normas da época com extravagância e homoerotismo.

A direção de Russell explode em estética flamboyant, com cenários exagerados e cores saturadas que transformam cada quadro num espetáculo. A sequência inicial com Nijinsky, filmada como um ritual sensual, e a luta de boxe, com luzes dramáticas e sombras dançantes, criam um turbilhão visual. Gravado na Espanha por economia, o filme mistura opulência e caos.

O contexto de 1977 adiciona camadas. A produção reflete a repressão da era com um contraponto de luxo visual, usando figurinos rococó e cenários teatrais para amplificar a narrativa de um ícone sob pressão social. A narrativa, contada em flashbacks, usa a morte de Valentino como palco para uma celebração queer, com cada cena carregada de simbolismo. A narrativa ganha vida com recriações das obras icônicas de Valentino, como "O Sheik", "Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse" e "Filho do Sheik". O trecho de "Os Quatro Cavaleiros" destaca Nureyev dançando tango com maestria, um deleite visual, enquanto uma cena infame mostra Valentino preso por bigamia, atacado por um preso (Dudley Sutton) que o provoca por falta de virilidade, e forçado por um guarda cruel (Bill McKinney) a se humilhar, misturando absurdo e tensão erótica. O método de Russell exagera os fatos biográficos com coreografias de massa e reminiscências selvagens de Art Déco, criando um frenesi visual. Performances como a de Leslie Caron como Alla Nazimova, com gestos exagerados, elevam o tom pop-erótico, transformando o retrato de Valentino num espetáculo de funeral de luxo.

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