Indicado ao Prêmio Grande Otelo de Cinema Brasileiro, ZAGÊRO, dirigido por Márcio Picoli e Victor Di Marco, é um berro pela luta antimanicomial e pela inclusão plena de pessoas com deficiência em todos os espectros da sociedade. O curta começa com uma narrativa vibrante e surreal, um mosaico visual carregado de simbolismos impactantes, que logo se transforma em um mockumentary centrado em Ian, vivido pelo próprio Di Marco. Rodado em Bagé e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o filme se destaca por sua equipe majoritariamente composta por PCDs, reforçando seu compromisso com a inclusão. Com um discurso audacioso, reflexivo e carregado de fúria, ZAGÊRO evoca a energia contestadora dos filmes de Derek Jarman, mantendo uma profundidade experimental que entrelaça elementos autobiográficos com os desafios cotidianos de viver com deficiência.
Além disso, ZAGÊRO apresenta uma perspectiva inovadora sobre a interseção entre deficiência e identidade queer, equilibrando sarcasmo, deboche e seriedade com um desfecho marcante. É uma obra provocadora, irreverente e criativa, que atinge seu objetivo com impacto. Como sátira, expõe as falhas das instituições psiquiátricas e as barreiras enfrentadas por PCDs, preenchendo uma lacuna significativa no cinema mundial. Sem dúvida, é uma produção poderosa, capaz de catalisar debates profundos e reflexões necessárias.
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