terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Autlo(Outlaw, Rússia, 2019)

Em um cofre em algum lugar de Moscou, uma grande variedade de pessoas dá rédea solta aos seus desejos em uma festa fetichista. Uma das presentes, Outlaw (Liza Kashintseva), então entra em um supermercado com sua companheira e de repente esfaqueia um cliente desavisado.

Em outro lugar em Moscou, em uma boate, numa diferente época, uma viagem no tempo de volta à era soviética no início dos anos 80: um general de uma estrela (Vitaliy Kudryavtsev) se apaixona pela mulher trans Nina (Evgeny Shwartzman). 


De volta ao presente, depois de mudar de escola, o jovem Nikita (Viktor Tarasenko) se junta à facção brutal de Alpha (Gleb Kalyuzhnyy), que passa o tempo transando e assaltando pessoas. Nikita secretamente tem uma queda por Alpha. Bastante delicado em um ambiente não apenas latente, mas agudamente homofóbico. Seus sentimentos também não ficam escondidos por muito tempo. Ao mesmo tempo, Alpha atrai a atenção de Outlaw, que manda sequestrar o macho alfa.


Em seu longa-metragem de estreia, a roteirista e diretora russa Ksenia Ratushnaya, deixa transparecer uma série de personagens idiossincráticos, alguns com motivos claros, outros com dificuldade de percepção. Outlaw sempre faz o que quer, pelo menos é o que ela afirma no início, logo após seu ato sangrento.



O sexo desempenha um papel importante, mas repele mais do que excita. Alpha fode sua namorada Stella (Vlada Erofeeva) no meio do grupo e obriga Nikita a fazer o mesmo com Sonia (Vera Lukyanova). Não é particularmente terno, os sentimentos de Nikita por Alpha parecem ser os mais profundos que surgem na gangue.


À margem da sociedade, as correntes são quebradas, mas não é tão simples assim. Especialmente na Rússia, onde qualquer tipo de expressão LGBTQIA+ é condenada. O BDSM também faz parte desde o início, Outlaw até menciona o romance escandaloso Os 120 Dias de Sodoma, do Marquês de Sade.


O enredo sobre Nina e o general se conecta em algum momento com o aqui e agora da história sobre o bandido Nikita e Alpha, mas essa conexão acaba sendo simples e, no final das contas, só se manifesta em um professor.


Homofobia, vergonha, conservadorismo matam a vontade de se expressar, e Ksenia Ratushnaya mostra os dois lados da moeda, onde a repressão do "eu" interior vai para o absoluto e onde essa personalidade vai além de todos os limites. 



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