"Quando você aprende a tocar um instrumento nunca mais vai estar sozinho" é com momentos sábios como este que o diretor Sebástian Muñoz Costa del Rio faz de seu O Príncipe um filme bruto e delicado, uma mistura de Almodóvar em início de carreira com O Beijo da mulher aranha.
O longa baseado no romance de Mário Cruz ganhou o prêmio Queer Lion do Festival de Veneza e aborda a temática da homossexualidade nas prisões no Chile dos anos 1970, época de Pinochet e Salvador Allende.
Jaime, interpretado por Juan Carlos Maldonado lembrando muito o jovem Antônio Banderas em A Lei do Desejo, é mandado para a prisão após matar o seu melhor amigo e por lá terá que começar uma nova vida por meio de relações não convencionais.
Na cadeia Jaime inicia uma relação com o Potro, um homem mais maduro que têm de certa forma o domínio daquele lugar. A história também é contada em flashbacks que mostram importantes momentos do protagonista, como quando transou com uma mulher mais velha e as razões que o levaram a matar o amigo.
O amor bandido desenvolvido por Jaime e Potro acaba se tornando o fio condutor do filme. O relacionamento é seu refúgio e um romance co-dependente dentro de um ambiente hostil. O filme conta ainda com a participação luxuosa do ator argentino Gastón Pauls de Nove Rainhas.
O filme abusa das cenas de sexo e é até explícito com tomadas de um pênis urinando ou se masturbando. Algumas cenas são quase fetichistas. A violência dentro do presídio também rende cenas fortes e impactantes.
Mais do que uma obra queer chilena como o excelente Uma mulher fantástica, O Príncipe vai além da homossexualidade dentro do cárcere para ser um filme sobre esses homens que não têm outra oportunidade a não ser amar a si mesmos.
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