Escrito, dirigido e protagonizado por Cheryl Dunye, Watermelon Woman é considerado um marco do new cinema queer, movimento surgido nos anos 1990, que mostrava personagens que transgrediam o sistema, exploravam livremente sua sexualidade e dialogava diretamente com a teoria queer da filósofa Judith Buttler. Paris is Burning(1990) e Veneno(1991) são alguns dos principais exemplos desse movimento.
No filme, Cheryl é uma jovem lésbica e negra que trabalha numa vídeo-locadora e faz vídeos amadores. Seu objetivo é descobrir quem foi a mulher melancia uma atriz negra dos anos 1930, onde afrodescendentes estavam fadados a interpretar criados e escravos no cinema.
Numa mistura de ficção e documentário o filme explora o ativismo lésbico e o empoderamento de mulheres negras que sempre tiveram sua representatividade questionada na sétima arte. O filme abre um debate sobre racismo, preconceito e assumir quem se realmente é.
Com uma linguagem de VHS muito usada, Cheryl explora a figura da mulher melancia mas também entra numa viagem de autoconhecimento e paixão por uma mulher branca. Numa questionada relação inter-racial vemos os corpos nus contrastando o branco e o negro.
Por ser ambientando em uma vídeo-locadora muitas referências ao cinema são utilizada, fala-se de diretores, filmes e atores como Hattie McDaniel imortalizada por sua interpretação da mucama de O Vento levou.
Watermelon Woman é um filme híbrido que pode causar estranhamento num espectador mais conservador, que acima de tudo coloca em discussão o papel do negro no cinema e o das mulheres lésbicas na cultura POP debatendo identidade de gênero em um pseudodocumentário que colocará a reflexão em cena.
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