‘Um jovem do interior se perde na cidade grande, passando por uma série de encontros bizarros noite adentro, enquanto um assassino está a solta matando garotos da sua idade.’ Com essa sinopse Matheus Marchetti, de Verão Fantasma(2022), prepara seu novo longa, O Labirinto dos Garotos Perdidos.
Independente, o filme está sendo rodado aos finais de semana ‘É um processo meio maluco, mas funciona para a gente, e traz um elemento de diversão e que - pra mim - é essencial em qualquer set ", afirma o diretor.
Embora à primeira vista pareça um terror queer, o filme também promete ser muitas outras coisas. Marchetti usou Depois de Horas, de Martin Scorsese, como principal influência para o roteiro. Totalmente urbano, o filme, que promete ser seu trabalho mais sexy até então, é ambientado no presente, e definido pelo próprio diretor como um thriller erótico.
A experiência no Teatro, com Bosque dos Sonâmbulos, derivado do curta de mesmo nome, e que Marchetti ainda quer fazer uma versão estendida, foi fundamental indireta ou indiretamente, já que o realizador traz o mesmo elenco dos palcos, além da arte da improvisação ‘Amo estar atento a essas mudanças, seja do clima ou do espaço, ou até mesmo de novas intuições do elenco’.
Verão Fantasma, uma ópera de terror, continha muitos momentos de homoerotismo, aliados ao humor e ao terror, o que em O Labirinto dos Garotos Perdidos, deve ainda se acentuar, ‘...aqui o horror (e o humor) é inspirado em experiências reais e relatos reais. É essencialmente sobre o quão surreal pode ser um encontro no Grindr, ao ponto que às vezes beira o fantástico.’
Muito influenciado por obras do gênero musical e cineastas como Ken Russell , Dario Argento, Vincent Minelli e Jess Franco, o artista não descarta que haja alguma sequência de canto ‘No fim, mesmo quando não estou fazendo um filme explicitamente musical, como o Núpcias de Drácula ou o Solar dos Prazeres Noturnos, a música - mesmo que instrumental - é sempre presente e muitas vezes guia a ação como num balé.’
‘O fantástico, e principalmente o horror, foi onde encontrei meu principal local de expressão - mas através da música, encontrei minha voz. E me interessa também a forma como muitos (mas não todos, claro) fãs de horror temem o cinema musical’, por isso é bem possível que haja surpresas nesse sentido.
Sobre as rodagens, o cineasta também revelou: ‘É quase um jogo em família. Da minha experiência, esse tipo de set tem uma energia criativa muito mais intensa e palpável, mais democrática também. E claro, isso tudo depende de projeto em projeto. O nosso é uma série de cenas com poucos atores, em ambientes controlados, e um time muito experiente - então esse esquema funciona pro escopo do nosso trabalho’.
Com as filmagens previstas para encerrar no início de abril e a pós-produção até o fim do ano, o filme deve ganhar luz somente, em 2025, no que para Marchetti é a parte mais difícil do cinema independente, o lançamento ‘No fim do dia, tenho muito é sorte de ter juntado um coletivo das pessoas mais incríveis que topam entrar nessas loucuras e fazer esses projetos comigo - e ver que algumas pessoas se sentem tão tocadas e envolvidas com essas histórias, faz o esforço valer a pena... mas ainda existe um longo caminho para melhorar.’
Porém antes que novos momentos lúdicos(o cinema do realizador vem dos sonhos) e sensoriais,(como A Lenda, de Sandy & Júnior, no karaokê, em Verão Fantasma), possam ser apreciados, Matheus Marchetti ainda lançará o curta ‘O Solar dos Prazeres Noturnos’, previsto para esse semestre, o que segundo ele é um ótimo aquecimento para o que está por vir.
O Solar dos Prazeres Noturnos |
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