segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

CINEMA QUEER NO CINEANTIQUA


Sabe aquele filme clássico que é uma delícia de descobrir? O CINEANTIQUA é um canal do Youtube, especializado em cinema ancestral, e que, com uma curadoria incrível, oferece gratuitamente filmes do passado. O CINEMATOGRAFIA QUEER organizou uma seleção de obras, com temática LGBTQIAP, disponíveis por lá:

Navalha na Carne(Brasil, 1969), de Braz Chediak

Na adaptação, de Braz Chediak, para a peça de Plínio Marcos, Neusa Suely(Glauce Rocha), é uma prostituta decadente e explorada por Vado (Jece Valadão), seu cafetão. Em meio a brigas e desavenças, ela vai às ruas para ganhar dinheiro enquanto Vado sai com outras mulheres e passa a vida sossegado. O que eles não esperavam, era que Veludo, Emiliano Queiroz numa atuação incrível, um homossexual que trabalha como faxineiro, roubasse todo o dinheiro dos dois para comprar drogas.

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Decameron(Itália, 1971), de Pier Paolo Pasolini

Repleto de uma sensibilidade queer, nudez masculina e subversão, o filme é a adaptação de contos de Boccaccio, como as freiras devassas que realizam milagres sexuais, uma esposa traiçoeira com habilidade para negócios, um artista tuberculoso à beira da morte que tenta trapacear o Céu, jovens amantes flagrados e mais.


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Rebecca(EUA, 1940), de Alfred Hitchcock

Em 1940, o mestre Alfred Hitchcock chegava aos Estados Unidos com Rebecca, uma adaptação do romance homônimo, de Daphne du Maurier, incrivelmente fiel à obra literária original e seus controversos subtextos. Uma história de amor gótica dominada pelo suspense, além disso, entrega um romance heterossexual fracassado. Uma das personagens mais memoráveis do filme, a Sra. Danvers(Judith Anderson), oferece mensagens escondidas aos espectadores LGBTQIA+ dos anos 40.


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Noite Vazia(Brasil, 1964), de Walter Hugo Khouri

Em São Paulo, dois amigos (um deles casado e de família rica) tomam duas prostitutas para uma noite de busca de prazeres diferentes. Mas a experiência acaba por ser frustrante para todos os envolvidos, pela amargura em suas conversas e atitudes que revelam angústias e sentimentos mais profundos, além do vazio de suas vidas. Odete Lara e Norma Bengell brilham na pele das profissionais do sexo.


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As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant(Die Bitteren Traenen der Petra Von Kant, Alemanha, 1972), de Rainer Fassbinder


Adaptado da peça homônima do próprio Rainer W. Fassbinder, Petra von Kant é uma estilista de sucesso extremamente arrogante e egocêntrica, que tem como única pessoa próxima sua secretária. Num dia, ela se apaixona por uma jovem aspirante à modelo chamada Karin, que vai morar em sua casa e usá-la até não precisar mais. Neste que é provavelmente o filme mais feminino do cineasta, homem nenhum aparece em cena, apenas simbolicamente através da tela Dionísio, que estampa a parede do apartamento. 


ASSISTA.


A Casa Sinistra(The Old Dark House, 1932), de James Whale

James Whale, um dos únicos diretores abertamente gays da época, realizou o filme que serviu como base direta para The Rocky Horror Picture Show. Um casal e seu amigo estão perdidos enquanto dirigem à noite em uma forte tempestade. Eles encontram uma antiga casa no interior do País de Gales, onde recebem abrigo de Horace Femm e sua irmã Rebecca. 

Toda Nudez Será Castigada(Brasil, 1973), de Arnaldo Jabor

Arnaldo Jabor adapta o texto de Nelson Rodrigues, onde o viúvo religioso Herculano se encontra em um dilema quando seu irmão, no intuito de ajudá-lo, marca um encontro com uma prostituta, Geni. O filho, se recusa a aceitar o relacionamento do pai, no entanto reserva um plot queer, que nunca foi inimaginável na obra do dramaturgo.


O Beijo da Mulher Aranha(The Kiss of Spider Woman, Brasil/EUA, 1985), de Hector Babenco


Em 1985 em meio à crise de produção do cinema nacional, Hector Babenco dirigiu em coprodução com os EUA, O Beijo da mulher aranha, baseado no romance homônimo do argentino Manuel Puig, e considerado sua obra prima. Com muitos atores brasileiros no elenco, mais notavelmente Sonia Braga, a trama transcende masculino e feminino ao abordar a relação entre dois prisioneiros em uma cela de prisão. Valentin( Raul Julia) é um jornalista preso político, enquanto Molina, interpretado pelo ganhador do Oscar, William Hurt, é um homossexual que está preso por corrupção de menores. 


ASSISTA.


Os Esquecidos(Los Olvidados, México, 1950), de Luis Buñuel

Viver às margens sempre foi um tópico queer. Com ‘Os Esquecidos’, Luis Buñuel mergulha na miséria mexicana para criar uma visceral crítica social. Mal recebido em sua época, o filme hoje é visto como um estudo de uma comunidade e contexto histórico, que se assemelha ao neorrealismo italiano. O diretor foi aos reformatórios, para pesquisar sobre esses jovens sem perspectiva e sem futuro.


O Beijo no Asfalto(Brasil, 1981), de Bruno Barreto

Baseado na peça de Nelson Rodrigues e estrelado por Ney Latorraca, Daniel Filho, Tarcísio Meira e Christiane Torloni, o filme acompanha o desfecho de um desconhecido que é morto ao ser atropelado por um ônibus e, agonizante, pede a um bancário que lhe de um beijo na boca. Este gesto é transformado em escândalo pela imprensa sensacionalista e o homem que cometeu o "crime" de beijar um agonizante passa a ser alvo de preconceito popular e também a ser investigado pela polícia, que começa a supor que o acidente tenha sido um assassinato.


ASSISTA


Zero de Conduta(Zéro de conduite, França, 1933), de Jean Vigo


O filme remete às experiências escolares das crianças francesas baseadas nas memórias do diretor Jean Vigo sobre sua própria infância. Retrata um sistema educativo burocrático e repressivo diante do qual os estudantes empreendem verdadeiros atos de rebelião por vezes surreais, resultado de leituras libertárias da infância. O título faz referência a nota de um dos meninos, que que lhes impede de sair no domingo. 


As Corças(Les Biches, 1968), de Claude Chabrol


Frédérique é uma rica e bela mulher que acolhe em sua casa uma artista de rua chamada Why, que desenha corças. Em uma viagem a Saint Tropez, Why se envolve com o arquiteto Paul Thomas. Por ciúme, a anfitriã resolve seduzir Paul e eles se apaixonam. Um clássico do cinema sáfico.



É bom ressaltar que esses filmes foram realizados em períodos difíceis para a comunidade LGBTQIA+, que não tinha a mesma liberdade de se expressar que hoje, por isso muitas vezes a mensagem ou a abordagem não é positiva, o que é adequado para o contexto da época. Inscreva-se no canal do CINEANTIQUIA e descubra esses, e muitos outros títulos do cinema clássico mundial.

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