terça-feira, 25 de abril de 2023

De Noche los Gatos son Pardos(Suíça, 2022)

Inspirado nos preceitos do psicanalista francês Félix Guattari (1930-1992), Valentin Merz inverte os papéis, e por sua vez a equipe técnica torna-se artista, os artistas tornam-se técnicos. E De noche, todos los gatos son pardos assume uma forma surpreendente, psicodélica e hipnotizante.

Uma espécie de filme dentro do filme, que poderia ter se perdido em seu estilo excessivamente experimental; o longa é no entanto, uma experiência perfeitamente divertida e libertadora. Um produto pop com uma luz deliciosa, uma trilha sonora kitsch retrô, e liberto dos códigos da narrativa convencional.


Numa discreta homenagem ao cinema erótico dos anos 70 e 80, logo uma história de amor se mistura a uma investigação policial. A realidade se mistura com a ficção, e estabelece uma distância elegante para filosofar sobre a sexualidade, a vida e a morte. Nada mais tem sentido ou direção, exceto a própria experiência do filme. 


Uma diversa equipe em De noche los gatos son pardos se reuniu para fazer um filme erótico de época. Os atores mudam fluentemente de idiomas e parceiros de filmagem, vestem papéis e roupas distintas e também se revezam na direção de seu filme. 


Eles estão rodando um filme histórico não especificado, dominado por cenas de intimidade mergulhadas em uma forte dose de erotismo. A majestosa e misteriosa floresta envolve-os, acolhe-os e acaricia-os como se fossem criaturas frágeis e ambíguas que requerem proteção.

Apesar deste abraço reconfortante, sente-se um perigo iminente, algo ou alguém escondido nas sombras, pronto para lançar um ataque. O diretor do filme, Valentin (interpretado pelo próprio Merz), desaparece repentinamente sem deixar vestígios. Enquanto a polícia investiga seu desaparecimento, a filmagem continua, mas dá uma guinada ambígua. Robin, cinegrafista e amante do diretor, decide cumprir a promessa que fez ao homem de sua vida e viaja para Istmo de Tehuantepec, no México.


O diretor do filme dentro do filme– alter ego e protagonizado por Merz – atua como o fio condutor de um longa que investiga os limites da imaginação e explora os fantasmas que habitam a mente de cada artista.

Valentin Merz nos instiga a pensar sobre a própria ideia de cinema, o poder das imagens como vetores de transformação e janelas para o mundo. A sua representação das sexualidades mostra como o sexo é um espelho que deve ser entendido e representado em toda a sua resplandecente diversidade. 



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