A força do filme vem de sua construção, indo e vindo no tempo, e de seu trabalho estilístico, dos enquadramentos nos rostos e corpos às projeções mentais nas paredes de um quarto. E, claro, vem do estudo de um personagem.
Já adulto, Marvin(Finnegan Oldfield) se destaca na corda bamba da interpretação de um personagem que busca e se descobre. Seu andar, sua verticalidade, seu fraseado, seus trejeitos jogam com uma estranheza sutil.
Escrito por Pierre Trividic e Fontaine, Marvin nos mostra como o homônimo personagem deixa para trás uma dura infância da classe trabalhadora marcada pelo bullying e se propõe a encontrar seu verdadeiro eu de uma maneira significativa.
Mas, na verdade, a questão-chave aqui é que o menino percebe que é gay e tem que fugir para outro mundo se quiser aceitar sua verdadeira identidade (o bullying envolveu colegas de escola humilhando-o como viado enquanto seu pai, um alcoólatra, era homofóbico).
Em grande parte de sua duração, Marvin funciona muito bem. Isso é auxiliado por sua estrutura incomum que, em vez de optar por uma apresentação cronológica da história de Marvin, alterna entre o adulto e as cenas infantis (bastante substanciais) nas quais ele é interpretado por Jules Porier.
O desenvolvimento de Marvin segue os infelizes e duros caminhos familiares do bullying: intimidação na escola, namoros frustrados, florescimento em um novo ambiente, uma difícil educação amorosa, uma ruptura com o ambiente familiar, para por fim, ser uma história de superação.
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