Sébastien Marnier evoca O Discreto Charme da Burguesa(1972), em L’Origine du mal. Em uma luxuosa vila à beira-mar, Stéphane(Laure Calamy), uma jovem trabalhadora de uma fábrica de conservas, se vê em uma família rica com um pai desconhecido, sua esposa extravagante, sua filha ambiciosa, mãe de uma adolescente rebelde, e a assustadora empregada doméstica. Alguém está mentindo. Entre reviravoltas e mentiras, o mistério cresce e a suspeita se espalha
O que começa como um drama doméstico mundano, logo se transforma em algo muito mais misterioso, surreal e até violento quando as ambições de Suzanne se encontram na companhia de uma família estranha e disfuncional.
O filme inventa uma história sinuosa sobre ciúme e amargura com uma série de personagens ambíguos, todos em busca da chance principal, mas nem todos motivados pelos mesmos objetivos. Mais do que intérpretes de uma sociedade amoral, os personagens de L'origine du mal parecem cristalizados em seu próprio mal-estar, esperando que algo de fora mude seu estado.
Quase ninguém é quem afirma ser neste thriller. Stéphane caiu, apesar de tudo, em um verdadeiro ninho de víboras. Não é só a sobrecarregada decoração da casa que oscila perigosamente, mas também, à sua escolha, o sentido da venenosa acolhida dos anfitriões, a intenção da reservada hóspede ou mesmo sua vida fora desse paraíso artificial , cada vez mais dependente de seu sucesso neste estágio de faz de conta em todas as circunstâncias.
As aventuras são muito mais divertidas do que a história, bastante satírica, de Stephane, enquanto ela faz viagens frequentes para verificar a fábrica de peixes (que ela também possui) e visitar sua amante, a sempre formidável Suzanne Clement, cumprindo pena em uma prisão no continente.
A maior parte, o filme de Sébastien Marnier se contenta em ser um mecanismo formidável para manipular as expectativas do espectador. As interpretações grandiosas e perversamente sutis estão no cerne deste fascinante quebra-cabeças.
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