quinta-feira, 20 de abril de 2023

Siberia and Him(Rússia, 2019)

Sasha, interpretado pelo diretor Viatcheslav Kopturevskiy, um trabalhador rural em profunda depressão, vive em uma remota aldeia siberiana em algum lugar no fim do mundo. O homem mantem um caso com seu cunhado Dima (Ilya Shubochkin), um alto membro da polícia local.

A irmã dele nem sonha, embora suspeite que o marido a esteja traindo paralelamente, com outra mulher. Em uma sociedade rural hostil e ossificada, não há espaço para o amor entre homens, o que alimenta a tragédia pessoal de ambos os personagens. O relacionamento de Dima e Sasha está à beira do abismo.


Viatcheslav Kopturevskiy estrela, dirige e filma Siberia baseado em seu próprio roteiro. O filme é sua estreia em longas-metragens. Nas cenas eróticas, assume o papel frágil, abrindo-se ao amor que o policial lhe dá. Por fim, é ele, emocionalmente empurrado para o abismo, que pensa em tirar a própria vida, num gesto ao mesmo tempo romântico e louco.


É uma visita a uma idosa que mora em um vilarejo no meio do nada que se tornará um ponto de virada para os acontecimentos na tela. Sasha e Dima partem para uma caminhada para verificar se a senhora,  que está calada há muito tempo, está sã e salva. No seio da natureza selvagem da Sibéria, desenrola-se o drama de dois homens que tentam domar a sua turbulenta relação.



Kopturevskiy foca no minimalismo: diálogos, formas de edição e expressão de atuação, na estática da câmera. O silêncio de seu personagem ressoa mais alto que mil palavras e, paradoxalmente, permanece muito eloquente. 

O ato de amor deles é duro e nada sensual; assim como o relacionamento  parece mais uma luta do que algo satisfatório. O fato de esses homens não se sentirem confortáveis ​​nos braços um do outro - exceto quando estão sozinhos no meio do nada - é revelador. 


O trabalho do diretor de fotografia desempenha um papel importante no filme, e a cinematografia naturalista de Wayland Bell reflete a desesperança da Sibéria, a natureza vasta e intocada nos lembra o fascínio desta terra. Kopturevskiy gosta de tomadas panorâmicas e observacionais de montanhas, prados e lagos, que, quando imobilizados, podem ocupar a área da tela por um bom minuto e aproximar a obra de um filme contemplativo.

O filme é opressivo mas contemplativo por natureza, Na era dos relatos sombrios sobre a situação das pessoas LGBTQIA+ na atrasada Rússia e na Chechênia, o longa merece elogios por sua força e coragem.  

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