Sasha, interpretado pelo diretor Viatcheslav Kopturevskiy, um trabalhador rural em profunda depressão, vive em uma remota aldeia siberiana em algum lugar no fim do mundo. O homem mantem um caso com seu cunhado Dima (Ilya Shubochkin), um alto membro da polícia local.
A irmã dele nem sonha, embora suspeite que o marido a esteja traindo paralelamente, com outra mulher. Em uma sociedade rural hostil e ossificada, não há espaço para o amor entre homens, o que alimenta a tragédia pessoal de ambos os personagens. O relacionamento de Dima e Sasha está à beira do abismo.
Viatcheslav Kopturevskiy estrela, dirige e filma Siberia baseado em seu próprio roteiro. O filme é sua estreia em longas-metragens. Nas cenas eróticas, assume o papel frágil, abrindo-se ao amor que o policial lhe dá. Por fim, é ele, emocionalmente empurrado para o abismo, que pensa em tirar a própria vida, num gesto ao mesmo tempo romântico e louco.
É uma visita a uma idosa que mora em um vilarejo no meio do nada que se tornará um ponto de virada para os acontecimentos na tela. Sasha e Dima partem para uma caminhada para verificar se a senhora, que está calada há muito tempo, está sã e salva. No seio da natureza selvagem da Sibéria, desenrola-se o drama de dois homens que tentam domar a sua turbulenta relação.
Kopturevskiy foca no minimalismo: diálogos, formas de edição e expressão de atuação, na estática da câmera. O silêncio de seu personagem ressoa mais alto que mil palavras e, paradoxalmente, permanece muito eloquente.
O ato de amor deles é duro e nada sensual; assim como o relacionamento parece mais uma luta do que algo satisfatório. O fato de esses homens não se sentirem confortáveis nos braços um do outro - exceto quando estão sozinhos no meio do nada - é revelador.
O trabalho do diretor de fotografia desempenha um papel importante no filme, e a cinematografia naturalista de Wayland Bell reflete a desesperança da Sibéria, a natureza vasta e intocada nos lembra o fascínio desta terra. Kopturevskiy gosta de tomadas panorâmicas e observacionais de montanhas, prados e lagos, que, quando imobilizados, podem ocupar a área da tela por um bom minuto e aproximar a obra de um filme contemplativo.
O filme é opressivo mas contemplativo por natureza, Na era dos relatos sombrios sobre a situação das pessoas LGBTQIA+ na atrasada Rússia e na Chechênia, o longa merece elogios por sua força e coragem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário