“Miley Cyrus: Something Beautiful” dirigido pela cantora em parceria com Jacob Bixenman e Brendan Walter, este projeto é uma cacofonia controlada, onde sons tão díspares quanto o rugido de um motor de motocicleta, os licks de guitarra inconfundíveis de Flea (Red Hot Chili Peppers) e até um monólogo dramático de Naomi Campbell, reminiscentes de Vincent Price em "Thriller", coexistem em perfeita harmonia. Cyrus, com sua voz rouca e presença magnética, assume o comando total dessa jornada artística de dois atos, revelando-se uma superestrela no auge de seu controle criativo.
A estética é bastante imersiva. Técnicas como dissoluções lentas, lentes de foco suave, fundos projetados e imagens refratadas constroem uma psicodelia visual que amplifica a potência das músicas. Faixas como "End of the World", com Cyrus em um minivestido verde-esmeralda Bob Mackie e "Easy Lover/ Interlude 2", com dançarinas de apoio em figurinos minimalistas destacam-se como ápices visuais e sonoros. Já em "Golden Burning Sun" e "Pretend You're Good", o uso de ventiladores adiciona um toque teatral, enquanto "Something Beautiful" eleva o rock progressivo a um nível explosivo.
A moda é um pilar essencial. Cyrus brilha em alta costura vintage, desfilando desde calças de penas turquesa, até peças históricas de Alexander McQueen e Thierry Mugler. A influência dos anos 90 permeia o projeto, evidente em faixas como "Reborn", com sua estética pixelada em preto e branco que remete a comerciais da Calvin Klein, e em "Walk of Fame", um riff dançante que ecoa o hino "Smalltown Boy" de Bronski Beat, com participação de Brittany Howard. Outro destaque é "Every Girl You’ve Ever Loved", onde Cyrus e Naomi Campbell entregam um pas de deux na passarela, capturado pelas lentes do diretor de fotografia Benoît Debie.
Embora “Something Beautiful" não siga uma narrativa linear tradicional, a obra se revela como uma coleção coesa que reflete a evolução artística de Cyrus. Há ecos de seus trabalhos anteriores, como os "Bangerz" de outrora, mas também uma abordagem experimental que a consolida como uma artista confiante e versátil.
“Miley Cyrus: Something Beautiful" é uma aula íntima de criatividade, onde Cyrus, ao lado de diretores talentosos e colaboradores como Flea, Campbell e Debie, transforma sons e imagens em uma celebração de sua trajetória. É uma obra que dói, lamenta e seduz, enquanto encanta com seu apelo estético e ousadia sonora.
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