The Passenger(EUA, 2023)

Carter Smith, diretor de The Ruins(2008), tem se tornado um ícone do terror queer. Ele já havia trabalhado com a Blumhouse, no fetichista Midnight Kiss(2019). Ainda colhe os frutos de Swallowed(2022), que nos deixou um gosto amargo na boca. Em The Passenger, ele realiza uma parte estudo de personagem e outra parte um thriller de estrada, cruelmente tenso e perturbador. 

Em The Passenger, Randolph(Johnny Berchtold), é um perdedor que está sofrendo bullying de seus colegas de trabalho em um restaurante de fast-food, o decadente Burger Burger Burger. Benson (Kyle Gallner), outro colega de trabalho, testemunha isso e, em uma cena assombrosa, vai calmamente para seu carro, fuma um cigarro, pega a arma e mata os dois valentões e seu chefe

Randy é uma testemunha e agora um cúmplice quando Benson o faz de refém, forçando Randy a refletir sobre si mesmo quando embarcam em um road movie a la Assassinos por Natureza(1994). Benson pode ser um psicopata que acha que está no comando, mas Randy terá que se intensificar eventualmente.

Embora The Passenger não seja um terror assumidamente queer, você não pode negar a estranha, e palpável, tensão sexual entre os dois. Isso foi algo que Smith confirmou em uma entrevista recente à GVN, que adiciona um bom aspecto excêntrico que acerta bem com um road movie já bizarro.

Principalmente um filme de dois personagens que se passa em um dia, The Passenger é volumoso em conversas, mas nunca tedioso. Dirigido de forma tão delicada, o longa de alguma forma segue a linha suficiente para evitar ser gratuito ou explorador. 

Em vez do road movie de terror, pintado de sangue, o filme mergulha nos traumas de ambos os personagens e seus passados compartilhados. Enquanto Benson tenta "consertar" Randy, ele o força a enfrentar seus problemas e criar uma espinha dorsal. Apesar de suas ações monstruosas, o personagem se torna mais complexo, indo além do psicopata padrão.

The Passenger mistura habilmente elementos de suspense policial e terror com um drama sombrio sobre dois indivíduos quebrados que suprimiram suas emoções de maneiras opostas. Com atuações excepcionais de todo o elenco, Johnny Berchtold e Kyle Gallner, que não são novos no terror,  se destacam como protagonistas, mostrando seu talento nessa intensa jornada.

Uma melancolia cobre o filme, que é uma obra frequentemente desagradável com uma espécie de tristeza no coração.  O roteiro de Jack Stanley é enxuto, apenas nos dando as informações que precisamos. O longa aproveita ao máximo sua história crua, atraindo você para seu estranho jogo de gato e rato entre seus protagonistas.