Rodada em preto e branco, a obra começa pulsando de tesão, para logo ganhar tintes de thriller e neo-noir. A história inicia com um gay sigiloso e enrustido, Léo (Gabriel Canella), rumo a um encontro às escuras com Jorge(Rosado).
Mas a trama guarda uma reviravolta, e em seguida guarda outra mais e a premiada fotografia, de Silvia Gangemi, fornece a tensão adequada para cada um desses momentos, quase como um personagem. De belas cenas de intimidade à uma violência abrupta, tudo é conduzido com maestria pelo experiente diretor e seu time de atores.
Bergamota, também traz o terror queer, ainda tão pouco explorado, no cenário nacional. Há claras referências a Alfred Hitchcock(como o sangue de chocolate, de Psicose(1960)) , ao mítico giallo italiano e ainda, aos clássicos filmes da icônica produtora Hammer. A trilha sonora também inclui representatividade, com a presença de vozes trans, Rafaella Villella e Camila Guiaz.
Outro ponto é a faixa etária de Jorge, um homem por volta de seus 50 anos, que em tempos de etarismo em aplicativos e redes sociais é extremamente desejável e bem representado. Rosário já trabalhou em Mercenários(2010), estrelado e dirigido por Sylvester Stallone, e esteve em Deserto(2016), de Guilherme Weber.
Intenso e cativante, esse curta-metragem, que já rodou mais de 60 festivais e ganhou mais de 30 prêmios, vai te prender em uma teia de erotismo, perigo, fetiche, desejo e loucura e, acima de tudo, propor uma reflexão para quem você está abrindo sua porta.
Com produção da Três Tons Visuais, Bergamota, que faz alusão à como tangerina é tratada no sul do país, enquanto tece sua crítica social, ganhará uma versão em longa-metragem no próximo ano. Inspirado em fatos reais, o roteiro de Hsu Chien, promete ainda mais reviravoltas em sua forma estendida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário