quinta-feira, 21 de novembro de 2024

A Herança (Brasil, 2024)

Ao receber a notícia da morte de sua mãe, Thomas(Diego Montez) retorna ao Brasil com seu namorado, Beni (Yohan Levy), e descobre ser o único herdeiro de uma casa no interior que pertenceu a uma avó que nunca chegou a conhecer.

Curioso para se reconectar com a história de sua família, eles visitam a casa, onde Thomas é recebido por duas tias, vividas por Cristina Pereira e Analú Prestes, que o tratam como um filho há muito perdido. Enquanto Thomas fica cada vez mais encantado com o lugar, Beni começa a desconfiar que algo maligno se esconde debaixo da fachada de uma vida tranquila no campo.


“Podemos assar um carneiro”, diz uma das tias, na chegada dos dois, dando o tom e pistas de que algo macabro está por vir e elas podem até ser um coven de bruxas. Porém, quanto mais nebulosa fica a história, apenas Bene parece ver que há algo errado e começa a investigar um símbolo que vê com frequência.

O diretor João Cândido Zacharias não subverte o gênero, pelo contrário ele usa de clichês clássicos, para construir uma história que celebra os elementos de casa mal assombrada, enriquecida pela direção de arte, de Elsa Romero, com cada detalhe do casarão no lugar certo e a fotografia de Guilherme Tostes, remetendo aos clássicos filmes da Hammer.


Mesmo que o filme não seja tão reflexivo, ele foca em temas como pertencimento e imigração. Thomas, vindo da Alemanha, agora se sente acolhido em algo que chama de lar. Por mais que na superfícies os vermes estejam corroendo, ele se recusa a ver. Por mais que haja indícios de que o mal se aproxima, ele quer se sentir amado.

A edição de som de Bernardo Uzedo, cria uma crescente de suspense e terror, desde o início, até cenas de sexo que são belamente filmadas, e finalmente quando o filme embarca num terror mais gráfico, com toques de body horror, por porões e criptas.

O fato do longa ser falado grande parte em inglês garante a ele uma universalidade. Tanto no desenvolvimento do tema, como em questões de distribuição. Quem é Thom afinal? Quem são essas senhoras simpáticas que se dizem suas tias? São respostas que só teremos após acompanhar essa jornada sobrenatural.

“O filme é uma conjunção de muitas coisas que fizeram eu me apaixonar pelas narrativas audiovisuais quando criança – dos filmes de terror às novelas da TV. É também um filme muito pessoal, já que lida com questões familiares e os traumas de infância que ajudam a construir os adultos em que nos tornamos. Eu perdi minha mãe durante o processo de desenvolvimento do roteiro, assim como o personagem do Thomas, e a experiência de lidar diretamente com os monstros escondidos da minha família foi essencial para a criação dessa história.”  declara o diretor João Cândido Zacharias.




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