Uma Breve História da Imprensa LGBT+ no Brasil, novo documentário do cineasta, roteirista, escritor e jornalista Lufe Steffen, aborda a história e o impacto de revistas, jornais, fanzines e outros meios jornalísticos feitos por e para a comunidade LGBTQIAPN+ no Brasil.
A ideia do documentário surgiu em 2020, durante a pandemia, quando Lufe começou a estudar a história da imprensa LGBTQIAPN+, investigação que rendeu um vídeo para o canal do cineasta no YouTube, publicado em 2021.
O documentário, com duração de 110 minutos, apresenta um panorama da imprensa LGBTQIAPN+, do mimeógrafo nos anos 1960 à internet dos dias atuais, e é também um retrato da sociedade brasileira e da evolução dos direitos conquistados por esta comunidade.
O longa conta com depoimentos de jornalistas, sociólogos, antropólogos, historiadores, pesquisadores, escritores e ativistas, incluindo figuras ilustres da comunidade e do movimento LGBTQIAPN+: a atriz e apresentadora Nany People, os escritores João Silvério Trevisan, James Green e Renan Quinalha, os jornalistas André Fischer e Celso Curi, a editora Ana Fadigas, a compositora Cilmara Bedaque, entre outros.
Através dessas falas, o doc resgata as pioneiras publicações abertamente homossexuais nos anos 1960, 70 e 80. Eram produções artesanais e distribuídas de mão em mão, em círculos restritos do país, como O Snob, criado pelo pernambucano Agildo Guimarães no Rio de Janeiro e publicado entre 1963 e 1969, e o zine ChanacomChana, dos coletivos paulistas Lésbico-Feminista e Ação Lésbica-Feminista – do qual faziam parte Rosely Roth e Miriam Martinho. Miriam relata o episódio, em agosto de 1983, que ficou conhecido como o Stonewall brasileiro, quando as ativistas lésbicas, apoiadas por feministas e figuras políticas como o então deputado Eduardo Suplicy, invadiram o icônico point lésbico Ferro’s Bar para ler um manifesto contra a censura do bar, que não permitia a venda do zine no local.
O filme aborda ainda publicações clássicas como a revista Sui Generis, dos anos 1990, e a G Magazine, até chegar na era da internet. Desde o pioneirismo do site Mix Brasil em suas diversas fases, como o BBS, “primitivo” serviço de vídeos na rede, e depois a revista Junior, até o surgimento de diversos blogs, sites, portais, canais no YouTube, programas de TV e veículos da grande mídia, que passaram a abrir espaço para o tema LGBTQIAPN+, com colunas e editorias especificas, já nos anos 2000 e 2010.
O próprio cineasta Lufe Steffen tem sua trajetória profissional como jornalista ligada à história da imprensa LGBT+ no Brasil. Lufe trabalhou por 7 anos no primeiro e maior portal latino-americano direcionado para este público, o Mix Brasil, incluindo a época em que se usava a sigla GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes). Depois, foi jornalista do site e revista impressa A Capa, também focada no universo LGBT+, e chegou a colaborar como free-lancer para a G Magazine.
Uma Breve História da Imprensa LGBT+ no Brasil vem, portanto, colocar mais uma peça nesse mosaico da cultura LGBTQIAPN+ brasileira.
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