quinta-feira, 11 de maio de 2023

Pare com Suas Mentiras(Arrête avec tes mensonges, França, 2022)

Adaptado de um romance autobiográfico, de Philippe Besson, publicado em 2017,o filme questiona a memória e a necessidade de olhar para o passado, tanto quanto a parte de realidade que um autor poderá colocar em seus escritos. 


O drama, de Olivier Peyon, segue um autor de meia-idade voltando para sua cidade natal e conhecendo o filho de seu amor há muito perdido, enquanto ambos tentam desvendar os mistérios de um homem que os manteve distantes.


O autor é Stéphane (Guillaume de Tonquédec), um homem que viveu uma vida plena, mas nunca conseguiu superar totalmente seu primeiro caso de amor, nomeando personagens persistentemente em homenagem a Thomas (Julien De Saint Jean), embora nunca mais o tenha visto desde que ambos tinham 17 anos. 


Sem hesitar em mostrar algumas cenas de sexo bastante frontais e cruas é uma história que se desenrola aos poucos, esclarecendo o comportamento atual do personagem, incluindo o confronto com os lugares e com o filho do amigo que tenta entender quem foi seu pai
Ele viaja para casa depois de ser convidado para falar em uma destilaria de lá, é degustar um novo conhaque, o tipo de evento com o qual os escritores pontuam suas agendas porque, apesar dos mitos, é difícil ganhar a vida com livros.


Sua chegada um tanto desconfortável se transforma em algo mais doloroso quando ele descobre que Thomas morreu e, embora a princípio fique feliz em conhecer seu filho, Lucas (Victor Belmondo), ele aos poucos começa a desconfiar dos motivos do jovem estar ali.

Enquanto observamos suas interações se desenrolarem nos dias atuais, voltamos ao passado para ver diretamente algo desse caso de amor crucial. A narrativa bifurcada é tratada com arte, as duas histórias fluem juntas, apesar das diferenças distintas de tom.

Enquanto Stéphane mais velho se esforça para abordar a vida com um ar de sofisticação calma, seu eu adolescente (Jérémy Gillet) é tímido e inseguro de si mesmo, oprimido por ser escolhido por um garoto popular. A princípio é uma atenção puramente sexual, mas logo algo mais se desenvolve entre eles, e é aí que as coisas se complicam.


Thomas não quer que ninguém saibam tomando cuidado para evitar que sejam vistos falando em público. Ele também se sente atraído por garotas, tem namorada e está desesperadamente preocupado em se passar por hétero. Embora Stéphane encare tudo isso com calma e faça o possível para que as coisas funcionem, isso coloca os dois em caminhos de vida muito diferentes. 


O diretor de fotografia, Martin Rit, os infunde com o rico brilho dourado do próprio conhaque. Em outros lugares, o filme é cheio de beleza natural. As águas manchadas do lago onde Stéphane e Thomas fugiram são sedutoramente azuis. O design de produção, de Clémence Ney, nos faz mergulhar no caráter da pequena cidade e seus arredores.


Nenhum comentário:

Postar um comentário