Cheio de hormônios furiosos, o roteirista e diretor Alexis Dos Santos entrega em seu trabalho de estreia uma obra ejaculando os desejos físicos e sexuais da adolescência. Lucas está ansioso para experimentar os impulsos sexuais da vida, apenas para se refugiar em sua estreita amizade com Nacho(Nahuel Viale), estrela do time de futebol local e um garoto cuja constituição atlética não passou despercebida por Andrea(Inés Efrón); uma adolescente de óculos desejando seu primeiro beijo
Nahuel Pérez Biscayart como Lucas é um menino que não apenas questiona sua aparência física desajeitada, mas igualmente sua sexualidade; um momento se envolvendo em uma série de encontros homoeróticos com seu melhor amigo Nacho, que não é avesso à experimentação sexual.
“Não aguento mais essa incerteza”, diz Lucas em uma espécie de diário Super 8, girando em seu próprio eixo com os olhos fechados e a música martelando em seus ouvidos. No universo da puberdade todas as rotações são egocêntricas.
"Você pode ser um órfão mesmo com os pais se você não tiver nada em comum com eles." O mundo está desolado e vazio, assim como a infinita estepe patagônica que cerca a cidade natal sem nome do protagonista.
No entanto, em tal mistura, Santos injeta momentos de esplendor que adiciona uma textura a um filme aberto que, por sua simplicidade e aqui pensa em orçamento apertado, é muito mais representação natural do despertar sexual adolescente, do que muitos filmes com grandes enredos.
O filme move os mais diversos aspectos sociais para dentro do quadro com despreocupação astuta, fala de um machismo que pode ser reformado apesar de toda tradição e do avanço inexorável da autonomia da mulher mesmo com todo o assédio moral.
Tudo isso faz de Glue muito mais do que apenas um coming-of-age. É um filme inventivo de um país que, após inúmeras guerras de independência, ditadura militar e escândalos de anistia, ainda está, como seus heróis, em busca de uma identidade moderna e adulta.
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