domingo, 5 de junho de 2022

Fire Island: Orgulho & Sedução(Fire Island, EUA, 2022)

O diretor Andrew Ahn e Joel Kim Booster, que escreveu e estrela Fire Island: Orgulho & Sedução, tiveram a audácia de fazer uma releitura do clássico Orgulho e Preconceito, de Jane Austen,  na forma de uma comédia romântica queer. É como se uma grande balada da moda, neste caso um cruzeiro, com gays dançantes e sem camisa exibindo os músculos suados, ganhasse vida no cinema.

O filme acompanha um grupo de amigos e suas férias anuais de uma semana em Fire Island Pines. Noah (Booster), Howie (Bowen Yang), Luke (Matt Rogers), Keegan (Tomas Matos) e Max (Torian Miller) fazem a peregrinação todos os anos ao que é conhecido como o melhor local para banhistas LGBT desde a década de 1920.

Os amigos se conheceram enquanto trabalhavam em um restaurante no Brooklyn, e ficam na ilha de Erin (Margaret Cho), que também trabalhava no local. Embora eles não trabalhem mais juntos ou se vejam com a frequência que gostariam, a viagem anual para Fire Island é a hora de se reconectar, festejar e aproveitar a companhia um do outro.


A revelação de Erin de que não está bem financeiramente e terá que vender a casa atrapalha as festividades deste ano. É de partir o coração para o grupo porque Erin tem sido uma figura materna para eles e sua casa era um lugar seguro com o qual eles sabiam que podiam contar.

É o fim de uma era, e eles decidem passar a última semana na praia criando lembranças. Noah concorda em apoiar Howie durante as investidas de Charlie (James Scully). O grupo de Noah e o grupo de Charlie se entrelaçam, e as férias relaxantes se tornam mais dramáticas do que qualquer um deles havia imaginado.

O problema com Fire Island é que perdeu a essência de um romance de Jane Austen. Todas as obras da autora são críticas à sociedade em que ela vivia. Se ela se concentrava em casamento, classe social, política, religião ou uma infinidade de temas semelhantes, os livros da autora eram mais do que simples histórias românticas.

Fire Island:Orgulho & Sedução tenta seguir seus passos e alude ao racismo e à vergonha do corpo que são predominantes na comunidade gay masculina, mas não há profundidade em nenhum dos temas abordados.


Noah e Wil(Conrard Ricamora) começam não gostando um do outro, mas suas brigas são desconfortáveis. Talvez seja a falta de química entre os atores, ou o fato de seu relacionamento romântico ser mostrado de repente. Não há desejo digno de desmaio em praias ensolaradas ou em boates de néon.


A escolha de incluir música de cordas vitoriana por alguns momentos na trilha foi ótima e deveria ter permanecido ao longo do filme. Mas também há Charli XCX, Sofi Tukker, Icona Pop, Kim Petras, Bob Sinclair, Perfume Genius, Donna Summer e MUNA, num cover de Sometimes, de Britney Spears.


Fire Island mostra seu belo elenco para se aproximar de um paraíso feito exclusivamente para esse grupo de homens queer. Tirar a camisa é quase uma saudação ou uma forma de se preparar para uma semana barulhenta cheia de sexo, sol, drogas e amizade. Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, foi refeito muitas vezes, até mesmo com zumbis, mas nunca com tantos descamisados.


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