sexta-feira, 24 de junho de 2022

Aviva(EUA/França, 2020)

Certos filmes são, por sua própria natureza, experimentais , estranhos e surpreendentemente criativos. Aviva, de Boaz Yakin, é um desses casos. O resultado é uma obra fortemente original, que impregna sua marca de maneiras muito distintas.

O longa  é a história de como Aviva (Zina Zinchenko) morando em Paris inicia uma amizade online com um nova-iorquino chamado Eden (Tyler Phillips). Tão atraída por esse homem ela viaja para a América para vê-lo. Aviva explora o relacionamento e assim se torna uma história de amor, mas que mostra os altos e baixos, as tensões e os conflitos, seu casamento e sua desintegração.

O que dá à narrativa um estilo especial é o fato de que grande parte dela é expressa em forma de dança, usando música que se estende a canções compostas para o filme. Embora muito diálogo também esteja incluso, todos os atores principais são principalmente dançarinos associados a uma companhia de dança israelense. A maior conquista de Aviva como trabalho de dança é que a coreografia de Bobbi Jene Smith e Or Schraiber é claramente projetada para filmagem para que a edição de Holle Singer se adapte perfeitamente.


Um elemento menos obviamente especializado no apelo de Aviva decorre do fato de Yakin ter criado um filme fortemente sexual. Aqui há uma sensação de que sexo e sexualidade estão sendo celebrados independentemente dos aspectos da história que são pessimistas.


Surpreendentemente, a maioria dos personagens principais são apresentados em cenas de nudez, mas, embora este não seja um gesto novo, é feito de uma maneira que contribui para a sensação de que o trabalho está totalmente à vontade com o sexo.

Essa atitude é em si um reflexo de uma visão contemporânea, uma vez que está ligada à aceitação total da expressão sexual gay e lésbica e à crença na fluidez de gênero dentro dos indivíduos. Consequentemente, Aviva possui um lado masculino e Eden tem um lado feminino.

Uma vez que o elemento de dança torna este trabalho estilizado, Yakin pode construir sobre este conceito dando um passo de gigante. Assim é que Aviva também é interpretado por um homem (Schraiber) e Eden por uma mulher (Smith).

O que segue permite reflexões sobre gênero e sexualidade, mas sua estilização pode às vezes dificultar a compreensão do que está acontecendo. A abordagem tem seu fascínio, mas nos leva tão longe do naturalismo que é difícil se importar com os personagens e seu destino  mas igualmente ele pode nos guiar por elementos que funcionam e que tornam este filme único.

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