domingo, 9 de outubro de 2022

O Fio(Le Fil, França/Tunísia, Bélgica, 2009)


O Fio tem como primeiro mérito apontar que ainda existem muitos países onde diferentes expressões sexuais representam um tabu, lugares onde, condenados por lei, considerados crime, motivo de prisão ou pena de morte , a homossexualidade continua a ser motivo de discriminação e intolerância.

Após a morte de seu pai, Malik(Antonin Stahly Viswanadhan), um arquiteto tunisiano que vive há muito tempo na França, retorna ao seu país natal, instalando-se na casa de sua mãe(Claudia Cardinale); Entre seus planos está deixá-la saber que ele é homossexual.

A situação é enfatizada quando Malik e Bilal(Salim Kechiouche), o jardineiro da casa, estão envolvidos em um sentimento de amor apaixonado que transborda os preconceitos dos que os cercam, principalmente da mãe, e não apenas pela condição sexual de Bilal, que além de ser um jardineiro, é árabe.

O diretor, Medhi Ben Attia, explora a questão da discriminação em seu próprio país, exclusão não apenas por orientação sexual, mas também por classe social e raça. O cineasta decide não assumir o tom dramático e procura fugir dos clichês típicos do melodrama, optando por uma encenação que se caracteriza por ser cromaticamente muito brilhante, transformando o céu azul do Mediterrâneo, o sol brilhante tunisiano e suas águas esverdeadas em um elemento festivo.


Misturando-as com um tom leve no tratamento do tema, compondo assim uma estética ensolarada, com mar e, sobretudo, sensualidade, para contar a história de um homem gay, que tenta se igualar sua sexualidade com sua cultura em uma sociedade onde as diferentes expressões sexuais não têm lugar.

A intenção não é desenvolver o tema de forma punitiva ou culpada, optando por um visual positivo, idílico e transparente, como o ambiente que envolve os personagens. Com essa abordagem, o filme ecoa os primeiros trabalhos do diretor francês François Ozon, ao usar a música pop para diluir o impacto das cenas eróticas entre os dois homens.

A presença de Claudia Cardinale como mãe, num tão esperado retorno que suscitou os mais diversos comentários, acrescenta à obra, que conta ainda com o ator Salim Kechiouche, no papel do jardineiro, que, impregna a tela com sua sensualidade árabe.

Para lidar com a homossexualidade em um ambiente hostil, Attia optou por um caminho suave, em vez de dramatizar os aspectos clandestinos que caracterizam essas áreas, e que ele mostra furtivamente no filme. Mãe, filho e amante acabam abraçando a vida e decidem viver o que corresponde a cada um.

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