Em 1940, o mestre Alfred Hitchcock chegava aos Estados Unidos com Rebecca, uma adaptação do romance homônimo, de Daphne du Maurier, incrivelmente fiel à obra literária original e seus controversos subtextos. Uma história de amor gótica dominada pelo suspense, além disso, entrega um romance heterossexual fracassado.
Uma das personagens mais memoráveis do filme, a Sra. Danvers(Judith Anderson), oferece mensagens escondidas aos espectadores LGBTQIA+ dos anos 40. Desafiando o código de censura, a teoria queer se manifesta em Rebecca através do afastamento da heteronormatividade e da relação de poder convencional entre homens e mulheres.
A ausência de Rebecca torna possível o filme retratar o contexto proibido da homossexualidade através das emoções dos personagens. Levando a nova Sra. De Winter(Joan Fontaine) para um tour íntimo pelo quarto de Rebecca, a Sra. Danvers lembra como sua musa costumava contar suas histórias enquanto se despia.
Quando a Sra. Danvers fala sobre Rebecca, ela tende a olhar para longe e muda de tom. Essas pequenas mudanças de comportamento poderiam significar um forte apego emocional entre a Sra. Danvers e sua amada.
Mrs. Danvers demonstra a rotina diária de Rebecca para a nova Mrs. de Winter, agora a esposa de Maxim(Laurence Olivier). Independentemente de sua posição subordinada, a Sra. Danvers manipula a nova Sra. De Winter por sua extrema obsessão e lealdade para com Rebecca De Winter.
Manderley mostra a presença assombrosa de um sistema patriarcal fracassado que leva os personagens à loucura e à hipocrisia. Apesar de sua tentativa de restaurar a masculinidade e o controle, exigindo sua nova esposa, Maxim é emasculado por seu medo em relação a Rebecca.
Adotando o emprego de uma esposa servil, a nova senhora tenta se encaixar no mundo de uma família rica devido ao medo de perder o marido. Ao descobrir as impressões das pessoas em relação à falecida primeira esposa de Maxim, ela se vê como uma estranha a essa família. Ela é uma substituta falha que não poderia fazer jus ao nome da amada Rebecca.
Em Rebecca, a tipologia de personagens revela a percepção comum da homossexualidade na época. As aparições fantasmagóricas da Sra. Danver na mansão contribuem para sua espiritualidade sinistra em sua personagem. A Sra. Danvers perdeu-se no dia em que Manderley perdeu a mulher que a animava.
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