Petra Von Kant(Margit Cartensen) é uma estilista, viúva e mãe de uma filha que está no internato. Na primeira cena remete à imagem da dançarina alemã Pina Baush, em sua camisola branca. A personagem vive divagando sobre sua existência com a empregada Marlene(Irm Hermann), com quem tem uma relação de dominação e afetuosidade.
O filme adapta a peça de mesmo nome escrita pelo diretor e já levada ao palco diversas vezes, inclusive no Brasil, com Fernanda Montenegro, e expõe diálogos e cenários da mesma maneira teatral. A ação ocorre toda no apartamento de Petra e assim como em um espetáculo é dividido em atos bem distintos entre si.
Quando conhece Karin(Hanna Schygulla), Petra se apaixona imediatamente e é aí que vê sua ruína. Entre uma troca de peruca e outra, um gole e outro, passa a ser rejeitada entrando assim num calvário emocional, que é apenas observado por Marlene, que a ama em segredo.
A fotografia do filme é belíssima com planos que exaltam a beleza e egocentrismo de Petra, como quando ela se olha no espelho, ou numa clara homenagem a Ingmar Bergman em um plano clássico de Persona.
A medida que o filme vai se desenvolvendo ele vai se tornando mais palpável e acabamos criando empatia por aquele universo tão feminino ali retratado. Homem nenhum aparece em cena, apenas simbolicamente através da tela Dionísio, que estampa a parede do apartamento. Não só Petra, têm seus dramas mas todos ali vivem suas particularidades: a filha, a mãe, a amiga, Marlene e claro, Karin.
Através de um refinamento estético Fassbinder explora um caldeirão de referências, cinematográficas, teatrais, literárias e visuais. As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant é um filme intimista, existencialista e reflexível. Difícil de ser digerido, após seu final deixará sim, um gosto amargo.
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