A Rainha da Irlanda(The Queen of Ireland, Irlanda, 2015)

A Rainha da Irlanda oferece um grande, caloroso abraço de parabéns a uma nação que finalmente aprendeu a parar de se preocupar e a amar seu próprio povo. Não é apenas porque é um documentário social, extremamente relevante na apresentação de pautas LGBTQIA+, mas também por introduzir ao grande público a drag queen e militante, Panti Bliss.

O diretor Conor Horgan filmou a artista e ativista durante cerca de cinco anos. O homem de baixo da drag, Rory O’Neill, conta sua história repleta de tragédia e comédia. Panti é uma surpreendente heroína corajosa e com um improvável arco dramático arrebatador.

Além disso, há uma espécie de tempestade psíquica perfeita no projeto. O diretor nunca poderia ter previsto Panti-Gate, uma campanha vitoriosa de referendo constitucional, com respeito ao casamento homoafetivo no país, ou o retorno comovente de O'Neill a Ballinrobe, a pequena cidade onde ele cresceu.

Um Rory O’Neill muito mais jovem é apresentado com botas de cano alto e um tutu. Filho de veterinário do interior, ele é, segundo ele mesmo, “dolorosamente classe média”. Ele frequenta o internato e depois a escola de artes antes de encontrar sua verdadeira vocação: Drag.

O filme de Horgan necessariamente atrai muitas camadas para a trajetória flutuante de Panti. A edição habilidosa, de Mick Mahon, entrelaça uma enorme história social sem perder de vista o protagonista e seus projetos como o divertido "Miss Irlanda Alternativo".

A Rainha da Irlanda oferece uma cartilha na história dos direitos LGBTQIA+, principalmente na Europa, uma sinopse bem torneada que aborda tudo, desde a terrível morte homofóbica de Declan Flynn ao ativismo do político David Norris.

Do conforto de sua casa, Rory O’Neill sente-se a vontade para contar sobre as primeiras experiências em drag, no Japão, com o amigo Niall, onde começaram a se montar em dupla, inspirados em RuPaul e Lady Bunny. A volta para Dublin, quando a cena drag explodia em meados dos anos 1990, o consolida como drag queen local. O protagonista, também fala com muita naturalidade, como ser portador de HIV.

Panti Bliss faz discursos inflamados, comove uma nação, e nos ajuda a vislumbrar esperança ao trocar termos como tolerância por cidadania, para que sua pátria nunca mais escorregue de volta para o pântano do preconceito.

God Save the Queen!