segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Sex Education 3ª Temporada(Reino Unido, 2021)



Sex Education chega à sua terceira temporada mostrando que ainda há muita história para contar. Otis(Asa Butterfield) finalmente está transando, secretamente com Ruby(Mimi Keene), a garota mais popular da Escola Moordale. Eric(Ncuti Gatwa) está em um relacionamento com seu antigo algoz, Adam(Connor Swindells). Todos estão fazendo sexo ao som de Everybody Dance Now.

Todo mundo, menos Maeve(Emma Mackey). A personagem que teve o coração partido por Otis, está mais preocupada em relações familiares e curriculares, do que com a antiga “clínica do sexo”, que no passado ajudou diversos estudantes a se resolverem, além de causar algumas confusões.

Para limpar a imagem de “Escola do Sexo” entra em cena uma nova diretora, ironicamente chamada de Sra. Hope(Jemima Kirke). Suas ideias são ultrapassadas e retrógradas e vão totalmente contra o que Maeve, Otis e sua mãe Jean(Gillian Anderson), pregavam. Ela defende a abstinência e parece um pouco intolerante em relação à diversidade.

Adam, o mais bem-dotado da série, que na primeira temporada tinha um comportamento homofóbico e na segunda se envolveu com sua vítima Eric, é provavelmente o personagem que mais cresce ao longo do programa. Ele luta para assumir sua homossexualidade, depois para admitir que é passivo e por fim descobrir sua verdadeira vocação.

Há um momento em que o coral ensaia a subversiva Fuck the Pain Away, da cantora Peaches, e essa sequência é simplesmente sensacional. No entanto, é interrompida pelas novas normas da direção da escola, que quer ‘encaretar’ o coral, o fazendo cantar em latim.


A propósito da trilha sonora, este ano a série caprichou nos hits do presente e do passado. Tem Yello, Doris Day, Duran Duran, Todrick Hall, Bob Dylan, Blur, Etta James, Ezra Furman, Le Tigre, David Bowie, Queen, Nancy Sinatra, Kelis, Aimee Mann, com a linda Save Me, da trilha de Magnólia(1999), e muito mais.

A personagem Cal(Dua Saleh) entra para debater não binariedade. E isso fica muito claro quando discute sobre pronomes ou então questiona o uso obrigatório do uniforme, já que não se enquadra em usar roupas justas. “Como você define correto?”, indaga.

Ruby mostra certa vulnerabilidade quando leva Otis para conhecer sua casa, algo que não tinha feito com ninguém por vergonha, mas não escuta o desejado ‘eu te amo’ e a relação não vai para frente. Otis segue apaixonado por Maeve.

Mesmo mantendo sempre o bom humor, com piadas de cocô e cupcakes de vagina, a série não deixa de abordar temas delicados, como abuso, sexo com portadores de deficiência, e assuntos necessários como prevenção e PrEp. Gillian Anderson segue brilhando como a esclarecida sexóloga Jean Milburn, que agora passa por uma gravidez na maturidade.

Viv(Chinenye Ezeudu), a puxa-saco oficial de Hope, também ganha um arco na trama, já que após ser eleita a líder estudantil, ela descobre que está sendo usada pela diretora por sua imagem de negra batalhadora e isso desencadeia eventos fundamentais par a trama.

A mais fetichista das fantasias, a da personagem Lily(Tanya Reynolds), que sonha e desenha extraterrestres é mais explorada dessa vez, e há até um trecho animado, no início de um episódio, ilustrando seus desenhos alienígenas e eróticos. Porém essa sua diferença é usada contra ela, e também faz a namorada Ola(Patricia Allison) se questionar sobre o relacionamento.

O episódio mais divertido e revelador é com certeza quando a turma embarca numa viagem de ônibus à França com seus dois atrapalhados professores. Eric vai para um casamento na Nigéria e Adam tem a oportunidade de conhecer melhor o ex de seu atual Rahim(Sami Outalbali), e criar uma bonita e inusitada amizade. Mas atenção para o SPOILER: Neste capítulo acontece o esperado beijo e possível acerto entre Otis e Maeve, que a essas alturas está envolvida com o deficiente Isaac(George Robinson).

Hope, quase uma vilã de novela mexicana, começa a perder o controle da escola, quando todos os alunos se rebelam contra ela, que quer transformar o colégio na Academia Sparkside, com punições bizarras e incentivo à abstinência.

Alguns personagens secundários, como a mãe de Maeve, dependente química, e o Sr. Michael Groff(Alistair Petrie), o antigo diretor da escola que não consegue emprego em lugar nenhum, descobre o prazer na cozinha, e têm o seu arco de redenção.

Com 08 episódios, de cerca de 1h, a série, criada por Laurie Nunn, para a Netflix, chega ao seu último episódio iluminada pela chegada de um bebê. Os personagens resolvem suas relações voláteis, para sim ou para o não e resplandecem em cenas que enchem os olhos. Como seus atores já estão bastante maduros para seguir no ensino-médio resta saber se haverá uma nova temporada, ganchos ficaram, mas caso não haja Sex Education encerra o círculo dramático de seus protagonistas com uma excelência até então inédita.

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