sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Zen sobre o Gelo Sutil( Zen sul ghiaccio sottile, Itália, 2018)


“Não há vestiário certo para mim”, Maia Zenazi (Eleonora Conti) é chamada por todos de lésbica e mulher-macho, mas quando se olha no espelho enxerga Zen, um garoto. O filme, de estreia de Margherita Ferri, acompanha a jornada dessa jovem que está se descobrindo nos bastidores do hóquei.


Zen tem 16 anos, e mora com a mãe em uma pequena cidade nos Apeninos. Sua grande paixão é o hóquei no gelo; uma das razões pelas quais todos os seus colegas a tratam com desprezo, vendo-a como uma pessoa diferente. Além disso, sua maneira de se expor aos outros não melhora as coisas. Maia é doce, sensível, mas também competitiva e não gosta de ser colocada a prova.

Secretamente apaixonada por Vanessa(Susanna Acchiardi), que pede para passar uma noite com o namorado na pousada da mãe de Zen, ela manterá distância. Mas quando a garota pedir refúgio longe dos pais e do namorado, o capitão do time de hóquei, por uns dias ambas entenderão que têm muito em comum.


Por outro lado, o primeiro filme de Ferri tem algo diferente, investigando a figura de uma jovem de uma pequena cidade dos Apeninos toscanos-emilianos; um lugar onde, como ainda acontece em muitas áreas semelhantes, a diversidade é vista como uma afronta e você tem que aprender a sobreviver também, colocando-se no centro das atenções ou escondendo-se na pele de outra pessoa.

Mas Zen não. Ela se apresenta a esse pequeno mundo como ela é; uma moleca, uma durona, mas também uma garota procurando por atenção. Ela sabe muito bem que ainda terá que lutar por sua identidade. Enquanto isso, aquela camada de gelo que estala entre uma cena e outra, em inúmeras metáforas do filme, acaba se quebrando completamente.


A metáfora do gelo para descrever aquela armadura que a protagonista criou em torno de si mesma, ninguém poderia tê-la destruído, se não a abordagem de Vanessa; fulcro de tudo. Para ela, a outra parte da história se desenrola e também toma um rumo bastante positivo e otimista. Um filme educativo que inevitavelmente leva ao reforço e ao crescimento. A paisagem é mais um verdadeiro protagonista do filme, que restabelece o vínculo com os personagens. 


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