segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Ataque dos Cães (The Power of the Dog, EUA/Reino Unido/Austrália/Nova Zelândia, 2021)



Os irmãos George(Jesse Plemons) e Phil (Benedict Cumberbatch) não poderiam ser mais diferentes. Enquanto um é sofisticado e elegante o outro é um legítimo e bruto cowboy, proprietários de um rancho, em Montana, de 1925.

Quando George, anuncia que se casou em segredo com a viúva Rose(Kirsten Dunst), que dirige um pequeno restaurante e tem um filho claramente homossexual, Pete (Kodi Smit-McPhee), que se interessa por medicina e gosta de flores, a família não recebe a notícia com simpatia e o intolerante Phil, decide fazer da vida deles um inferno.

A vida de Rose no rancho não é feliz, a personagem míngua e regride conforme os maus tratos a ela e ao filho acontecem. A personagem recorre à bebida para preencher o vazio que começa a tomar conta da sua vida. Sem noção, o marido tenta animá-la com um piano que ela não consegue tocar em encontros sociais.

Quando Pete está prestes a se juntar às férias de verão da faculdade com a família, sua delicadeza torna-se um alvo fácil no rancho e parece trazer à tona uma crueldade particular em Phil, o que acaba revelando muito sobre o personagem.



A escritora e diretora Jane Campion, ganhadora do Oscar, pela direção do filme e também pelo roteiro de O Piano(1993), se inspirou no romance de Thomas Savage para escrever o roteiro sobre a masculinidade tóxica. O Ataque de Cães pode demorar um pouco a acontecer, mas a tensão que Campion cria é poderosa e até mesmo desconfortável.

A fotografia, de Ari Wegner, é esplendorosa e destaca paisagens bucólicas que dão o tom ao filme. Apesar de se passar num rancho da região montanhosa dos Estados Unidos, o longa foi rodado na Nova Zelândia. Mas não é só nas paisagens que habitam a beleza, a câmera traz um certo homoerotismo com a nudez de Cumberbatch, ou num banho de rio tomado por vários vaqueiros.


Pete desperta o pior em Phil, ele desencadeia algo no personagem que ele parece incapaz de ignorar mas com o passar do tempo, também aflora um senso de humanidade. Pete é acovardado, mas há uma luminosa cena dele desfilando com 'orgulho' em meio aos peões, enquanto é vaiado, e essa é a sensação que só um LGBTQIA+ conhece. Phil é bruto mas quando não há ninguém por perto, vemos um lado mais suave, um lado que ele se esforça muito para manter em segredo. 


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