quinta-feira, 30 de setembro de 2021

No Caminho das Dunas(Noordzee, Texas, Bélgica, 2011)



O despertar sexual é uma parte importante da vida de todos. E assim, temos muitos filmes sobre o gênero. No Caminho das Dunas, do diretor estreante Bavo Defurne, baseado no romance de André Sollie, insere uma perspectiva diferente e vital, e se beneficia disso, através de um apurado senso estético e belíssimas referências.

Pim(Jelle Florizoone) é um adolescente que mora com a mãe em uma pequena cidade costeira da Bélgica. Na cena de abertura do filme, vemos uma versão mais jovem do personagem(Ben Van den Heuvel) por meio de sua crescente sexualidade, mostrando curiosidade na maquiagem e nas roupas de sua mãe.

Depois dessa sequência de abertura, pulamos para Pim prestes a completar quinze anos e há uma aparente mudança dramática no resto do filme. À medida que Pim está crescendo e embora ele ainda esteja curioso sobre seus impulsos sexuais, o mundo fica mais escuro e menos indulgente. A beleza mágica criada na infância se perde em tristeza, raiva (o tipo silencioso) e angústia. 


A maior parte do filme trata da relação entre Pim e Gino(Mathias Vergels), um menino mais velho que mora ao lado. Pim anseia por Gino, completamente obcecado, muitas vezes pensando em seus encontros anteriores e constantemente desenhando o rosto do jovem.


A admiração não deixa de ser correspondida, já que o relacionamento deles em várias ocasiões se torna físico, apesar do interesse de Gino em não se declarar gay. Para complicar as coisas, está a irmã mais nova de Gino, que tem uma queda por Pim e não entende por que ele não lhe dá mais atenção.

Com um olhar apuradíssimo para o design de produção e temas da juventude, o filme mostra forte inspiração em Os Incompreendidos(1959), de François Truffaut.  Muitos dos detalhes são semelhantes entre os dois filmes, desde mães promíscuas afastando seus filhos até momentos de catarse acontecendo nas praias.

O diretor pega muitas dicas visuais do histórico coming of age, dando ao filme uma aparência que quase só pode ser descrita como europeia. O visual do filme é o seu ponto forte, lindamente filmado e desenhado, com uma paleta de cores intensa.


No Caminho das Dunas é um filme sem dúvida silencioso, e isso funciona bem. A sutileza nas cenas de sexo é muito bem conduzida, e há um limite entre um certo voyeurismo e um bonito conto sobre o primeiro amor sempre acompanhado de uma delicada trilha sonora.

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