quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Albert Nobbs(Reino Unido/França/EUA/Irlanda, 2011)


Glenn Close tem o papel-título em Albert Nobbs, de Rodrigo Garcia, como uma inglesa do século XIX que se passa por homem desde que sua infância culminou em estupro coletivo. Nas muitas luas desde então, Albert trabalhou como garçom, enchendo discretamente copos de água e se permitindo um pequeno e reprimido meio sorriso, talvez, quando alguém pede uma segunda sobremesa.

Albert tem um pequeno sonho triste, abrir uma tabacaria e um dia se aposentar no mar. Mas então, pouco a pouco, sob a influência de um pintor de casas urbano e sábio, Mr. Page (Janet McTeer), que abre sua camisa de trabalho para revelar que ele também é uma mulher, Albert começa a sonhar ainda mais alto. Albert começa a sonhar em ter uma esposa.


À procura de uma candidata a esposa digna, Albert se fixa em uma colega de trabalho, uma jovem garçonete (Mia Wasikowska) décadas mais nova, alguém que ele não conseguiria mesmo se fosse um homem. Ela não tem ideia de que ele é uma mulher; ela só pensa que ele é um esquisito, e é difícil não concordar.

O desejo negado tem seu elemento de sombra perturbador e, enquanto Albert sonha com uma vida plena, sua ilusão e repressão irradiam seu desconforto. O mais notável do filme, no entanto, é a entrega de Glenn Close, que além de protagonizar, coroteiriza e produz. A primeira vez que ela representou o personagem, foi em 1982, num espetáculo Off Broadway.

A equação poética desse tipo de conto, que funcionaria metaforicamente e sugestivamente em outro meio, torna-se literal, melancólica e real na tela. Há um fator de descontentamento inegável na personagem e na atuação detalhada e forte de Close.


Albert é uma pessoa convincente, misteriosa e que está alerta para os outros de uma maneira quase enlouquecedora. O filme tem uma atmosfera benevolente que ocasionalmente ganha vida em cenas ensolaradas na praia ou na magnética personagem de Janet McTeer.

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