É uma sequência despretensiosa, salpicada de detalhes sobre os personagens que conhecemos, mas também é potente, esboçando os contornos de uma vida anterior. Quase um ano desde que foi embora de São Francisco para Denver, Patrick está de volta na cidade para um casamento, e seu retorno é um acerto de contas – com Richie (Raúl Castillo), com Kevin (Russell Tovey) e com o pessoa que ele era, é, e talvez ainda possa ser.
Requintadamente nostálgico, é tão confortável e complicado quanto um reencontro com um velho amigo, debruçado sobre o passado em busca de sua promessa e arriscando a pontada aguda do arrependimento, o filme consegue cumprir seus objetivos.
Ao focar no desejo de Patrick de “fechar o capítulo” e “enterrar os mortos”, Looking: O Filme adota sua perspectiva, vendo os sucessos do grupo através de seus olhos. Enquanto Dom (Murray Barlett) vê seu restaurante crescer, Doris (Lauren Weedman) se diverte em seu relacionamento com Malik (Bashir Salahuddin), e Agustín (Frankie J. Álvarez), ainda com Eddie (Daniel Franzese), se estabelece em um novo trabalho. Insinuações de suas próprias ansiedades borbulham para a superfície, mas o desejo de Patrick inunda o filme com um brilho idealista.
À medida que a imagem de Patrick sozinho em um espelho se dissolve em uma longa e persistente imagem de casais se abraçando e se beijando, pares se misturando em totalidades perfeitas, o filme captura a pungente sensação de incompletude que chamamos de decepção. “Isso não dura para sempre”, Doris assegura a Patrick, vendo em sua expressão algo que ela mesma passou. .
Se o filme, escrito por Andrew Haigh e o criador da série, Michael Lannan, às vezes parece leve, em particular porque reduz o namorado de Richie, Brady (Chris Perfetti), a uma caricatura presunçosa, sua representação de uma vida em pontas soltas é, no entanto, comovente, construída da precisão naturalista que definiu a série desde o início com seu brilho neon e ousadias sexuais.
No momento em que a câmera recua pela última vez, Looking: O Filme não pode oferecer uma resposta melhor, exceto talvez que a única cura para o romance do retrospecto seja o salto de fé – o novo lar, a nova carreira, o novo casamento. Siga em frente, Patrick pede a si mesmo. Feche o capítulo. Enterre os mortos. Mas sua noção do homem que ele é, ou foi, continua sendo parte integrante do homem que ele se tornará. O único espectro que nenhum de nós consegue afastar é o de nós mesmos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário