A segunda parte da trilogia Teen Apocalypse, de Gregg Araki, depois de Totally F***ed Up(1993) e antes de Nowhere(1997), Geração Maldita ajuda a definir o cinema indie de meados dos anos 1990. É um filme que se alimenta do niilismo da Geração X e da raiva da juventude pós-punk para criar um road movie que parece relevante e ao mesmo tempo banal.
A desbocada Amy (Rose McGowan) e seu namorado Jordan (James Duval) estão fora uma noite quando seus caminhos se cruzam com o do malandro Xavier (Johnathan Schaech). Enquanto Amy a princípio não quer nada com ele, um estranho vínculo se desenvolve depois que Xavier salva sua vida literalmente atirando na cabeça de um dono de loja armado. O trio acaba saindo em uma viagem juntos, com Xavier tendo uma tendência enervante de matar pessoas, e Amy sendo constantemente confundida com o amor da vida das pessoas, com resultados violentos.
Os locais por onde passam, incluem bares enfeitados com e quartos de hotel com papel-de-parede quadriculado, o diálogo é irreverente e autoconsciente e há muitas cenas de atores vagando de cueca sem motivo aparente.
As coisas ficam cada vez mais estranhas e logo Xavier está fazendo sexo com Amy, mas com o conhecimento e aprovação tácita de Jordan. Tal como acontece com vários outros filmes de Gregg Araki, Geração Maldita vive no limite entre a inutilidade sinuosa e o significado surreal. Com muito sexo e violência extrema, em um momento parece que não vai a lugar nenhum, antes de adicionar um pequeno ponto satírico.
Geração Maldita, apesar de comparado a uma versão teen de Assassinos por Natureza(1994), tem um senso de humor muito mais aguçado e uma autenticidade que representa a geração grunge. É muito áspero nas bordas, mas funciona.
Embora não haja conteúdo gay explícito, a tensão sexual entre Jordan e Xavier é deliberada e palpável, com a única questão de saber se Jordan está alheio a isso ou não. Também não é uma coincidência que o final sombrio e indutor de estremecimento ocorra quando a dupla está prestes a agir em sua atração.
Esses personagens sentem que podem matar, foder qualquer coisa e usar drogas sem parar; não há mais nada por aí para esperar, onde cada dono de loja empunha uma arma e onde imagens da vida real estripando no noticiário do horário nobre são perfeitamente aceitáveis, o mundo em que vivem parece desprovido de qualquer valor moral ou ético.
Uma fatia de niilismo por excelência dos anos 1990, o filme coloca em cena o grunge pós-punk com um senso de humor sombrio, sexo, drogas e violência. E todas essas vertentes fazem que Geração Maldita seja um filme furioso mas também de partir o coração.
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