quarta-feira, 13 de julho de 2022

Cazuza: O Tempo não Para(Brasil, 2004)

Cazuza é um mito. O lendário cantor foi um dos grandes poetas do rock dos anos 1980, escreveu alguns dos versos mais emblemáticos de nossa MPB e sua ascensão meteórica ao estrelato e morte trágica por AIDS são traçadas com paixão e compaixão em Cazuza: O Tempo não Para.

O filme marca a segunda passagem na direção do diretor de fotografia Walter Carvalho aqui com a codiretora Sandra Werneck, depois de seu doloroso documentário sobre cegueira, Janela da Alma(2001). O longa é baseado em “Só as Mães São Felizes”, livro de memórias de Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, que explica seu grande, embora nem sempre lisonjeiro, papel na história.


Agenor Miranda de Araujo Neto, conhecido como Cazuza, aqui numa brilhante interpretação de Daniel de Oliveira, é um belo rebelde de cabelos cacheados e poeta nascido em uma família burguesa. Seu pai João (Reginaldo Faria), o chefe de um estúdio de gravação, é cético em relação ao seu talento, enquanto sua mãe superprotetora Lucinha (Marieta Severo) é bisbilhoteira e invasiva.


No momento em que Cazuza aparece no palco, do Circo Voador, fantasiado de palhaço para cantar, seu extraordinário magnetismo prende a atenção. Acrobata de circo e exibicionista, canta “sem pudor e sem pecado, para seduzir o mundo”.


Representar Cazuza é uma tarefa difícil. De Oliveira não o incorpora mas o canaliza, retratando a futura estrela como imprudente, despreocupada e consumida por uma fome ardente pela vida; um swinger bissexual. Enquanto isso, sua mãe percorre as ruas do Rio à noite para tirá-lo de confusões causadas ​​por maconha, cocaína, bebida e direção perigosa.


Evoluindo um som de garagem irreverente, Cazuza explode no cenário do rock em 1981 após unir forças com Roberto Frejat(Cadu Fávero), Dé(Arlindo Lopes) Mauricio Barros(André Pfeffer) e Guto Goffi(Dudu Azevedo), como vocalista da banda Barão Vermelho.


Incentivado pelo excêntrico produtor Ezequiel Dias (Emilio de Mello), Cazuza os leva a uma série de discos de ouro e então, no auge de sua popularidade, deixa o grupo para seguir carreira solo.


O filme está bem avançado quando Cazuza descobre que é HIV positivo em uma cena desoladora em uma praia do Rio de Janeiro. As mudanças de lente de Carvalho são registradas com planos próximos e sombras escuras enquanto Cazuza se torna sóbrio em maturidade forçada.


Apesar do tratamento com AZT em Boston com seus pais ao seu lado, sua saúde se deteriora rapidamente. Ele canta sobre a doença em seus últimos álbuns, incluindo o grande sucesso O Tempo Não Para e continua a aparecer no palco, usando um respirador, até sua morte em 1990, aos 32 anos.


A trilha incidental foi composta por Guto Graça Mello, que deu uma força para o artista no início de sua carreira. A música de Cazuza é generosamente ouvida e atesta que ele foi o maior poeta de sua geração e que se opôs firmemente a estabelecer divisões entre samba, bossa nova e rock’n roll.


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