quinta-feira, 7 de julho de 2022

Mal do Século(Safe, EUA, 1995)


Mal do Século, de Todd Haynes, conta a história de Carol (Julianne Moore), que pode ser alérgica ao seu ambiente. Alguma coisa certamente há de errado. Ela mora em uma casa abastada, antisséptica e luxuosa no sul da Califórnia. Seus únicos deveres são cuidar de sua saúde e aparência.

Ela se exercita na academia, ao som de Madonna, bebe água mineral, supervisiona desconfortavelmente os funcionários da casa e participa de "almoços beneficentes". Seu marido Greg (Xander Berkeley) é uma figura distante, que nunca parece vê-la.


Um dia Carol desmaia. Não parece haver uma razão médica para esse lapso, e logo ela está vendo não um médico, mas um psiquiatra, que sugere que o problema está dentro dela.


Ele não ajuda muito. Ela fica mais fraca, mais assustada. Ela sofre ataques de pânico. O mundo parece estar desmoronando. Eventualmente, o filme, se não seu marido, conclui que o ambiente está deixando-a doente. Ela está sendo atacada por plásticos, ozônio, produtos químicos, fios de alta energia, poluição, aditivos, perfumes, conservantes…



Carol escapa dos venenos indo morar em um spa no deserto, com outras pessoas que também estão em retiro de alergias debilitantes. O spa, administrado por um homem que mora em uma mansão com vista para os bairros mais humildes dos clientes, é um lugar melindroso, onde mais uma vez os problemas de Carol são abordados com a suposição de que de alguma forma ela os causou. 

Durante muitas das cenas do filme há um zumbido desconfortável. Este é um efeito sutil: sugere que algum tipo de maquinaria malévola está sempre trabalhando em algum lugar próximo. Ar condicionado ou motores elétricos enviando gases e resíduos para o ar. O efeito é tornar o ambiente do filme silenciosamente ameaçador.


Todd Haynes, roteirista e diretor, sugere que Carol pode de fato ser responsável por aspectos de sua doença. Sua vida e seu mundo são retratados como tão vazios, tão sem sentido, que talvez ela tenha se tornado alérgica como forma de protesto.

Em recente entrevista à Entertainment Weekly, o diretor afirmou que Mal do Século é tão queer quanto seu filme de estreia Veneno(1991) O longa é na verdade uma analogia para o HIV e como se adaptar e conviver com isso.

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