Bertrand Mandico, é certamente um frescor. Videomaker de arte contemporânea e cineasta, ele vem aprimorando uma textura audiovisual há vinte anos para extrair uma experiência sensorial. O resultado é um longa de estreia tão perturbador e bonito que se poderia pensar nas obras mais belas e sujas do new queer cinema, especialmente Swoon - Colapso do Desejo(1992).
Em um primeiro momento consideramos Os Garotos Selvagens como um livro ilustrado para adultos, cuja promessa do proibido nos leva a virar as páginas e nos render ao deslumbramento. Mas, olhando mais de perto, o filme consiste em compor uma obra estética impressionante de precisão e radicalidade, seguindo caminhos já traçados pelo cinema, em particular os do filme de aventura.
O diretor adicionou uma nova e fresca sensualidade ao gênero, ao dispor em lugares estratégicos, seios, pelos, pênis de diversas formas. momento de estupefação antes de poder julgar o verdadeiro valor de todos os motivos, orgânicos e oníricos, que percorrem o filme.
Tanguy (Anaël Snoek), o protagonista, é um dos cinco adolescentes que primeiro estupram sua professora e depois são responsáveis por sua morte, como consequência os jovens são mandados para uma ilha onde serão doutrinados por um velho lobo do mar.
Atravessada por fluidos que ora provocam um preto e branco sedoso, ora cores lisérgicas, a fotografia carrega em si seu próprio encanto, mordendo, arranhando, açoitando aqueles que abriga. Uma saborosa e desconcertante mistura do sal grosso do mar agitado e do açúcar que escorre dos doces de lanchonetes vintage.
Jovens faunos blasfemos e ateus, os cinco adolescentes admitem acreditar-se imortais antes que a ilha opere sua transformação física e emocional. Assim, ao descobrir sua feminilidade, Os Garotos Selvagens não apenas ganham uma nova percepção dos corpos mas também de humanidade nesse fervor caleidoscópico de um Éden pagão.
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