domingo, 3 de julho de 2022

Os Garotos Selvagens(Les Garçons Sauvages, França, 2017)


Bertrand Mandico, é certamente um frescor. Videomaker de arte contemporânea e cineasta, ele vem aprimorando uma textura audiovisual há vinte anos para extrair uma experiência sensorial. O resultado é um longa de estreia tão perturbador e bonito que se poderia pensar nas obras mais belas e sujas do new queer cinema, especialmente Swoon - Colapso do Desejo(1992).

Em um primeiro momento consideramos Os Garotos Selvagens como um livro ilustrado para adultos, cuja promessa do proibido nos leva a virar as páginas e nos render ao deslumbramento. Mas, olhando mais de perto, o filme consiste em compor uma obra estética impressionante de precisão e radicalidade, seguindo caminhos já traçados pelo cinema, em particular os do filme de aventura.


O diretor adicionou uma nova e fresca sensualidade ao gênero, ao dispor em lugares estratégicos, seios, pelos, pênis de diversas formas. momento de estupefação antes de poder julgar o verdadeiro valor de todos os motivos, orgânicos e oníricos, que percorrem o filme. Tanguy (Anaël Snoek), o protagonista, é um dos cinco adolescentes que primeiro estupram sua professora e depois são responsáveis ​​por sua morte, como consequência os jovens são mandados para uma ilha onde serão doutrinados por um velho lobo do mar.

Atravessada por fluidos que ora provocam um preto e branco sedoso, ora cores lisérgicas, a fotografia carrega em si seu próprio encanto, mordendo, arranhando, açoitando aqueles que abriga. Uma saborosa e desconcertante mistura do sal grosso do mar agitado e do açúcar que escorre dos doces de lanchonetes vintage.


Jovens faunos blasfemos e ateus, os cinco adolescentes admitem acreditar-se imortais antes que a ilha opere sua transformação física e emocional. Assim, ao descobrir sua feminilidade, Os Garotos Selvagens não apenas ganham uma nova percepção dos corpos mas também de humanidade nesse fervor caleidoscópico de um Éden pagão.


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