O longa-metragem Parque de Diversões, do diretor Ricardo Alves Jr., estreia nos cinemas brasileiros no próximo dia 30 de janeiro, distribuído pela Cajuína Audiovisual. Com uma narrativa sensorial e performática, o filme propõe explorar o universo do desejo, do fetiche e das múltiplas formas de expressão sexual, partindo da experiência do cruising em um parque urbano de Belo Horizonte. A produção também trata da busca incessante por prazer, do encontro e da transgressão de normas, com uma linguagem visual e sonora inovadora e provocativa.
A história se desenrola em um espaço que mistura natureza e fantasia de forma lúdica: um parque com vegetação tropical e brinquedos infantis, cenário que se torna um território de excitação e descoberta. A trama segue figuras anônimas que, ao se perambular pelas ruas da cidade, encontram no parque um lugar para explorar suas pulsões, em uma jornada repleta de fluídos corporais e ações sensoriais.
A ideia central do filme surge da metáfora de "quebrar o brinquedo", um convite para desmontar o desejo e criar uma nova forma de brincar, livre das limitações de um único objeto. A câmera, que atua como voyeur, se torna uma observadora imersiva, convidando o espectador a participar do jogo entre os corpos e o espaço. “A experiência do filme é sobre as atrações dos corpos, sobre a pele, a saliva, sobre a respiração”, comenta o diretor Ricardo Alves Jr., explicando que o longa não busca explorar construções psicológicas, mas a liberdade do desejo, seja do que exibe ou do que observa.
O elenco de Parque de Diversões inclui Aisha Brunno, Bramma Bremmer, Igui LeaL e Will Soares, todos com experiência nos filmes anteriores de Alves Jr. Eles participaram ativamente da construção do roteiro escito por Germano Melo, que se desenvolveu a partir de encontros e dinâmicas sobre voyeurismo, exibicionismo e experiências em espaços de sexo consensual coletivo. O processo criativo foi pautado na ideia de um laboratório de criação, onde o parque se tornou o cenário ideal para essa experimentação cinematográfica.
A direção de fotografia brinca com luz e sombra, criando um jogo entre o visível e o oculto que transporta o espectador para uma experiência quase onírica. O som também é um elemento crucial, com três dinâmicas distintas que envolvem o corpo, o ambiente e a trilha sonora, guiando a coreografia dos corpos e ampliando a imersão sensorial.
Parque de Diversões já passou por diversos festivais internacionais, como o Queer Lisboa, o Festival Chéries-Chéris, na França, e a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, causando recepção calorosa da plateia. Sua estreia mundial ocorreu em junho de 2024, na competição internacional do FID Marseille, despertando a atenção de público e crítica.
Com uma temática que desafia as normas e a moralidade, Parque de Diversões busca provocar reflexões sobre liberdade, sexualidade e as expressões dissidentes em tempos de crescente conservadorismo. Para Alves Jr., “o filme deve ser visto não apenas como uma experiência pessoal, mas como uma potência política e cultural, que reivindica a liberdade em um contexto de repressão e violência”.
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